sábado, 31 de dezembro de 2011

"Feliz ano novo amigo." Vai você!

Se no natal eu já fiquei com nojo de ver todo mundo se amando e se abraçando, mesmo o coraçãozinho estando repleto de ódio, no ano novo isso não é diferente. Aquela pessoa que não te suportou durante o ano todo vai chegar em você e te desejar coisas boas, que na verdade são coisas ruins, só que você não sabe, não sabemos. Sou tolo, inocente, babaca, e me achava esperto. A conclusão que eu chego depois de ter cometido os mesmos erros do ano passado: sou imaturo pra caralho ainda. Sou imaturo porque continuei escrevendo sobre as mesmas coisas, ou seja: ou vivenciei essas mesmas coisas (claro, não de forma idêntica, óbvio) ou eu preciso aprender a ver o lado bom das minhas experiências. Os textos menos melancólicos se perderam por aí, são poucos. E os que escrevi não perduraram por muito tempo. Há exatamente um ano atrás, eu sentei aqui e disse que permaneci rodando e rodando em um ciclo que parecia nunca fechar, e que o ano seguinte eu faria de tudo, de tudo para que ele fosse quebrado com novas surpresas, boas surpresas, sabe? Gustavo, Clara e Felipe são provas disso: eu tentei. Não tentei? Quando o destino me veio com a idéia de um novo emprego, eu aceitei, porque eu necessitava de mudanças, logo depois, me pareceu não ter sido uma boa escolha. No emprego antigo, as coisas melhoraram no exato momento que eu disse: me demito. No amor, surgiram pessoas que me lembraram o ano passado, mas eu fiz uma forcinha e disse: dessa vez vai ser diferente. Foi diferente, porque foi pior. Não sei... não sei se ainda arriscarei ano que vem. Não vou dizer que sim, nem que não. O problema é que os outros conseguem te envolver de uma forma que você se esqueça do que aprendeu, e você acaba caindo, para só depois da queda você enxergar que aquela pessoa não era diferente droga nenhuma. Então é isso. Não vou fazer promessas de ano novo dessa vez, igual fiz ano passado. "Vou ser menos otário, sentimental, de bom coração". Me fizeram de otário, fui extremamente sentimental, e o bom coração... bem, não fez muita diferença, fez? Quer saber o que eu quero pro ano novo? De verdade? Deixa pra lá! x)


"E pra vocês que tem sorte na vida: felicidade, paz, amor e tudo o que vocês desejarem aos demais, voltem em dobro pra vocês."

até ano que vem.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

"Lidar com a falta de alguém que te entenda é difícil, porém, mais difícil ainda, é encontrar essa pessoa e ela não dar a mínima pra isso."

Mais de uma vez.


Nunca imaginou. Cinco anos depois, e ainda haviam resquícios de amor, raiva, mágoa, tudo misturado. A cada passo que tentava dar, uma queda. Às vezes, pensava: era melhor viver engatinhando. Não haviam mais analgésicos que dessem jeito. Uma nova ferida abrira na cabeça, trocou o freio de trás pelo da frente, pedalava depressa, queda de bicileta. Um mês em coma no hospital. Perda de memória. Reconheceu alguns amigos, os familiares, mas não lembrava de história nenhuma. De amor, tristeza, nada. Reconheceu o outro enquanto atravessava a rua. Seu coração palpitou. Suas mãos começaram a suar. Uma timidez surgiu não sabia de onde. Eram os olhos mais lindos que já havia visto na vida. O porte baixo, a barba por fazer. Usava óculos, é... usava óculos. Parecia vir da academia. Não, da aula de música. É... da aula de... não, ele vinha do trabalho, é, do trabalho. A cada passo que dava, era como se notas de piano soassem na sua mente. Seus olhos assistiram a chuva cair. Ele continuava indo, assim mesmo, devagarzinho. O sinal já havia fechado, os carros buzinavam. O outro ria. Não sei de quê, ou de quem. Olhou para os seus sapatos, estavam desamarrados. Ele riu também. Agora os cadarços estavam sujos de lama. Quando chegou do outro lado, reconheceu o outro, parecia familiar. Amor antigo, de cinco anos atrás. Apertaram as mãos um do outro rapidamente e se despediram. Virou para a direita, olhou para o outro e pensou: onde você estava que nunca tínhamos nos esbarrado antes?

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Love is hard.


Ninguém diz isso, aliás, ninguém nem precisa dizer, não é mesmo? Hoje eu saí à noite para caminhar, colocar minhas idéias (malucas, diga-se de passagem) em ordem. Descobri que precisava amadurecer meu coração, meus modos de lidar com as situações que surgem no caminho, como processar certas emoções. Então eu parei embaixo de uma árvore. Decidi pular para tentar alcançar a folha - aparentemente - mais baixa. Pulei duas vezes, e cansei. Sentei ali perto em um banco e fiquei olhando para a árvore. Lembrei das vezes que se apaixonaram por mim (poucas pessoas conseguiram esse feito) e consequentemente, das vezes que pulei pouco e logo fiquei cansado, desistindo permanentemente logo em seguida. Talvez, se eu tivesse tentando com um pouco mais de vigor, eu não teria alcançado? Não falo de forçar sentimentos: atração, amor. Mas tentar, "ver no que vai dar"... É tão mais cômodo dizer: eu odeio cebola, ao invés de provar e depois sim, com absoluta certeza, abrir a boca e dizer: é, eu odeio cebola. As pessoas estão com muita pressa, para parar um pouco e tentar, mas tentar com vontade. Querem tudo de mão beijada, que a felicidade bata três vezes na porta, e que se estiver trancada, ela que dê seu jeito e pule pela janela dos fundos. Assim como a tecnologia fez com que os outros chamassem meus brinquedos antigos de ultrapassados, uma hora os seres humanos irão fazer a mesma coisa com os sentimentos. "Amor? Isso é tão séxulo XXI".

introspecção.


É só você que gosta de sair na rua de madrugada, com fones de ouvido, escutando os solos no piano by Dustin O'Halloran. É só você que mete os pés pelas mãos, coloca a carroça na corcunda do boi, esquece de tirar o veneno da cobra depois da picada. Acorda com o pé esquerdo, bate o dedo mindinho na quina da porta, e ainda assim, consegue soltar uma gargalhada, e um 'filha da puta!' logo em seguida. Agora vai até eles e diz que você ama chuva, tempo cinzento e odeia quando o sol surge lá no alto, pra você ver. Só você vai entender esse coração que não amadurece, que não cria barba, nunca, sempre aquele garoto do ensino fundamental, que escrevia cartas, desenhava vários corações e gastava um vidro de perfume inteiro molhando o papel. De, para, com amor. Que entregava para a pessoa amada, e dizia logo em seguida: não precisa me amar de volta, ou responder alguma coisa, isso é só pra... você saber. Quantas vezes você não disse isso? Quantas vezes? Tudo mentira. Você queria que voltassem, e te surpreendessem. Embora isso nunca tenha acontecido. Mas vai acontecer, não vai? Eu sei que você ainda acredita nisso, mesmo sem forças, mesmo não querendo. Às vezes eu digo não vai, mas você prefere ouvir esse coração bobo. E olha quantas cicatrizes você arrumou esse ano. Não, dores não, aprendizados, como eles costumam chamar. O que não faz com que eles fiquem menos feios. Dar apelidos não estanca a ferida, infelizmente. Eu sei, você está cansado de aprender, e eu também estaria se estivesse no seu lugar, mas como não estou... só me resta rezar. Fica tranquilo, talvez você não ache alguém que goste exatamente das mesmas coisas que você mas, com certeza, essa pessoa vai querer ouvir os motivos de você gostar dessas particularidades.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Outsider






Hoje eu descobri que existe um nome para aquelas pessoas que não se encaixam em turma nenhuma. Me lembro do meu colegial, da solidão que era ficar no quarto escrevendo cartas de amor no fim do caderno, de como era ruim não combinar com ninguém, porque nunca ninguém gostou das mesmas coisas que eu. Porque eu busco coisas que não tem mais valor para as pessoas, sabe? As pessoas exigem demais, não se contentam com o simples da vida, porque o simples da vida é mirabolante demais hoje em dia. Mas aí eu estava sozinho aqui, e encontrava alguém parecido comigo, mas ele não estava pelas redondezas, era sempre alguém de longe, de outra cidade, de outro país. E isso dava uma certa felicidade no começo, mas depois já não fazia mais sentido. É que essas coisas a kilômetros de distância não dão certo comigo. Não sei manter amizades nem a curta distância, quem dirá via internet? Isso não existe pra mim. Já tentei, mas... não dá certo, não funciona. Eu sempre canso de manter contato. Assim como na minha cidade, as pessoas sempre cansam de manter contato comigo, porque de certa forma eu não dou assistência, e quando dou, é para as pessoas erradas, pessoas que não estão nem aí. Não sei se passar o natal sozinho fez com que eu chegasse a essa conclusão, de que eu não pertenço a lugar nenhum. Não fiquei amargo, eu ainda acredito nas mesmas coisas. Vou morrer acreditando. Só acho que chegou a hora de não criar mais expectativas, porque eu sempre me decepciono. E é engraçado, porque eu sempre espero o mínimo, e juro, juro pra vocês, esse mínimo é 1% de 100, é quase nada, e mesmo assim, eu termino frustrado. Sou praticamente o meio do filme Home Alone, só que sem a parte final, só que sem esperar que alguém apareça, abra a porta e diga: eu voltei.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Meu amor foi embora em um balão.


Não deixa pra depois. No 'depois' quem sabe onde eu vou estar? A gente sempre deixa de cuidar de alguém quando já tem na mão. Você me perguntou se eu tinha alguém, eu disse a verdade: ele foi embora em um balão. Sou grato a ele, sim, sou. Eu estava murcho, sem cor, carente de ar. Não o meu ar, o ar de outro, algum oxigênio para compartilhar. Mas não se engane, eu estava sobrevivendo bem sozinho. Só foi bom... foi bom me ver colorido, lá no alto. Estava cansado de ser preto e branco, dormir sempre em chão frio. Eu provei do carinho antes de dormir e gostei. Dormi de conchinha... é conchinha que diz, não é? Ah, estava dando... mas um balão só tem lugar para duas pessoas meu bem, mais de duas ele se espatifa no chão. Pelo menos o meu é assim, o seu não? Preferi pular lá de cima. A queda é sempre dolorida, não importa de que altura você caia. Quanto tempo vai doer, ninguém sabe. A gente vai vivendo como pode, até que um dia cicatriza, porque tudo nessa vida passa, felicidade não é eterna, a dor então... também foi embora no balão. Eu não disse pra ele, mas está tudo impregnado lá, nos presentes, nas cartas. Essa dor já não é mais problema meu, e talvez, nem dele. Bem, se você acredita ou não nessa história, também é problema teu.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

é domingo pra se enfeitar?


Tem horas que a gente pensa que acabou o açúcar do fundo do copo, no pote, em tudo. E lá vou eu e bebo tudo amargo. Vou bebendo amargo na segunda, na quinta, no domingo. Vou me acostumando, na terça, na sexta, em todas as feiras. Não há mais gelo na bebida, comida fria. Acho um caco de vidro no sapato, preguiça de desamarrar o cadarço, deixo lá... e vai sangrando, sangrando, sangrando... até que amanhece outro dia. Continuo com a mesma rotina: dois ônibus até o trabalho, um até a livraria, outro até a universidade, e um último até deus sabe onde, às vezes casa, às vezes barzinho, às vezes salto do ônibus em qualquer parada e decido andar sozinho. Procuro qualquer música triste, coloco os fones de ouvido, as duas mãos no bolso da calça, não, uma mão apenas no bolso da calça, a outra procurando pensamentos desfeitos na cabeça. A surpresa maior, foi numa noite dessas qualquer de quinta... encontrei um pote de açúcar enorme na cozinha. E eu fui adoçando as segundas, as quintas, todos os meus dias. E fui me acostumando com essa doçura toda. Mas não vou negar não, tenho medo de acordar no dia seguinte e não ter açúcar na mesa. E aí vou voltar para a amargura, e será que vou me acostumar de novo? Será? Disseram que os melhores açúcares não duravam muito não, é verdade?

domingo, 18 de dezembro de 2011

When love happens.

Ele estava lá segurando minha mão quando minha mãe partiu. Ele fez café da manhã e trouxe na cama, quando eu passei a noite inteira acordado com dor de ouvido. Ele cantou no violão, mesmo sem saber o que estava fazendo. Ele batizou uma música como "nossa" e sempre que tocava eu lembrava dele. Ele fez questão de ficar comigo no hospital, quando precisei doar sangue para um parente acidentado. Ele me trouxe em casa de madrugada, mesmo eu estando de carro naquela noite. Ele não me deu presente de grande valor financeiro no dias dos namorados, mas me levou ao cinema, e depois olhamos o céu estrelado juntos. Isso vale mais que qualquer presente caro. Ele me apresentou aos amigos dele, e continuou comigo mesmo sem a aprovação dos mesmos. Ele me mandava sms dizendo "boa sorte" toda vez que tinha prova na faculdade. Ele me desejava bom dia, boa tarde e boa noite. Ele não se importava em estar sempre por perto, em atravessar a cidade só para dizer "oi, tudo bem?" e logo em seguida atravessar a cidade de novo e dormir, dormir feliz, segundo ele. Ele não gastava muitos centavos comigo, mas me deixava tomar conta do tempo dele, e era isso que importava. Ele disse que me amava. Chovia, e eu mal podia ouvir a voz dele pelo celular. Então a gente se encontrou no meio da rua, no meio da chuva, e ele disse olhando nos meus olhos tudo de novo, e mais um pouco. Ele segurou minha mão em uma tarde e disse que nunca iria embora como os outros. Mas, o problema é só um: ele nunca existiu.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quem é você?


Quem é você para entrar sem ser convidado, esperado, aguardado? Não bate palma, não pergunta se tem alguém na casa, apenas vai entrando, sem nem me conhecer, sem saber quem eu sou. De onde você veio, quais são suas raízes, onde você trabalha, o que faz para ganhar a vida? Vem cá, eu não tenho todo o tempo do mundo, para ser mais exato, tenho apenas trinta minutos antes de voltar para aquela sala fria, atender telefonemas, vender produtos, ganhar rugas novas na testa. Então anda, me diz, me fala qualquer coisa que eu precise saber de você, porque não lembro de ter te dado meu número, ou dito onde eu morava. Paguei caro pela segurança, novos cadeados, fechaduras, senhas, e olha aí, agora está tudo revirado. Demorei tanto tempo para colocar tudo no lugar, e agora não me reconheço mais. Levanto de manhã, na frente do espelho: outra pessoa. Cadê aquele cara impaciente que morava aqui? Desde quando eu faço comida fresca? Onde estão os congelados, enlatados? Quem colocou esse vaso com plantas perto da cabeceira da minha cama? Quem limpou o quarto e trocou as persianas? Quem botou esse sorriso de orelha a orelha no meu rosto? Até a tinta do meu quarto parece estar mais viva. Quem é você, quem é você?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ei... surpresa!

A gente acha que as coisas têm que acontecer de certa forma, porque acreditamos ser essa a "forma" que dá certo, que é desse jeito que tem que ser, que se não for ao virar da esquina, tudo poderá dar errado. A verdade é que essas coisas, que tanto pedimos, anseiamos, às vezes vem de forma simples, como um sopro. Provavelmente sendo lapidada há algum tempo, sem que nós percebessémos , para chegar sem nenhum defeito, não da maneira como queríamos ou vemos nos filmes, melhor, você entende? Chegamos a ficar com aquele sorriso bobo, brisa de tranquilidade, uma vontade de ver as horas voarem, só para que as coisas possam estar funcionando juntas de novo, ali, lado a lado. É verdade, em alguns casos, relutamos muito contra a decisão que, às vezes, a vida acaba tomando pela gente. Ela acha que não te serve e tenta excluir. Você não entende e prende. Quanto mais preso fica, mais doloroso é. Algumas pessoas infelizmente, tem que partir. O lugar delas não é ali, e quando a vida toma essa decisão por ti, meu amigo, confie nela, algo bom está por vir. É difícil de acreditar, até que ela te surpreende: surpresa! Você não esperava, e então as palavras fogem, e voltam mais tarde durante o sono, enquanto há a ausência do outro. E então quando estão juntos, tudo volta a ficar em silêncio de novo. Mas você sente, sente bem lá no fundo, de tudo, que aquilo é diferente, diferente de tudo que foi vivido, só esperando que você diga: tudo bem, eu deixo você entrar.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A vida é feita de escolhas.




Escolha ser feliz.

A single man.



É tempo de empurrar a poeira para debaixo do tapete, e se isso significa empurrar pessoas junto também... que seja. Pare de se importar com quem não se importa com você. Enquanto você lamenta, sofre, relê as cartas que não foram entregues, a outra pessoa dança, sorri e vive a vida tranquilamente. Quem está fazendo a coisa errada? Você ou ela? Apenas um dos dois está desperdiçando tempo, e você sabe muito bem quem é. Se as coisas continuarem como estão, daqui algum tempo, só irão haver frustrações. "Por que eu perdi tempo pensando nele?" ou "Por que eu não me foquei naquele projeto?". Ponha a mão na consciência, rápido. Você está recebendo todo o armamento que precisa para esquecer alguém: a indiferença dela. Faça o mesmo. Há tantos problemas a serem resolvidos, e você gastando energia com situações desnecessárias. Estude, aproveite os amigos, jogue video-game, faça exercício físico, ou qualquer coisa que você goste. Não há mais tempo na agenda para "pensar nele", risque isso, jogue no lixo e coloque-se em primeiro lugar. É isso ou - literalmente - morrer de amor.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O contrário de se apaixonar.

Frio correndo na espinha, "borboletas" no estômago, suor na palma das mãos. Não demora mais que alguns segundos. É como um estalo, mais rápido que um verso. Basta olhar, e pronto. O contrário disso é lento, em conta-gotas. Nos primeiros dias, ela é a primeira pessoa que surge na cabeça. Você procura seu celular entre o quarto bagunçado, o encontra sem bateria, coloca para carregar, e quando vai mandar uma mensagem de texto, vem a segunda lembrança do dia: vocês terminaram. "Não tem tem nada de mal em mandar uma mensagem, tem?" Tem, vocês não estão mais juntos, ele não espera receber nada seu. Pior, ele provavelmente já te esqueceu. O trem andou, seguiu viagem. Você? Ainda o aguarda na estação. Eu sei, é inevitável. "Ele pode voltar, vou deixar a porta entreaberta." Desculpa ser sincero, aceite o quanto antes, surpresas não vão acontecer. Ele não vai voltar arrependido com o rosto molhado, pedindo desculpa. É meu caro, esquecer é difícil. Nunca estamos preparados para uma perca. Não é como um objeto emprestado, que sabemos de antemão que ele irá voltar para o dono em breve, embora a sua história tenha sido parecida, não é verdade? Então, ele nunca foi seu. Como você não fazia idéia, eu não te culpo. Agora levanta, sai dessa cama, dá algumas passos lentos até cozinha, toma um copo de leite e segue tua vida, segue tua vida o quanto antes. Um dia... qualquer dia desses, você nem vai lembrar de deixar a porta entreaberta, vai por mim.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Passado presente.

Mas você vai lembrar à primeira vista: das nossas mãos entrelaçadas, a tua respiração ofegante, os lençóis pelo chão, a cama ainda desarrumada da noite anterior. Do banquete, do gelado, das torradas. A sua mão na minha coxa, a outra por dentro da blusa. Minha mão na tua nuca, a outra no volante. A chuva tentando penetrar o telhado, você sussurrando coisas, cada gota era uma palavra de amor. Não tinha que amanhecer, mas amanheceu. As folhas secaram, a cama foi arrumada, não havia café, não havia lençóis no chão, não havia você, não havia mais nada.
 
[qualquer texto que não possua referência, é de minha autoria.]

domingo, 4 de dezembro de 2011

Coisas bonitas também machucam.

Assim como a rosa possui espinhos, o amor também. Comigo funciona sempre tal qual como é com as rosas: quando tento pegar, sangra. Já tentei de todas as formas. Delicadamente, bruscamente, tirando pela raiz, mas não consigo... o amor só é lindo se visto de longe. Só é bonito quando vejo casais passeando na rua, quando um casal de amigos divide sorvete na minha frente. Quantas vezes não disse que o amor não foi feito para mim? Milhares. E quantas vezes provaram que eu estava errado? Nenhuma. Sabe aquela história do "até que se prove o contrário"? Pois é.

sábado, 3 de dezembro de 2011

virgile em: talvez uma história de amor


"Há poucas experiências tão dolorosas quanto uma ruptura. A separação é vivida como um atentado planejado meticulosamente, pois a bomba foi colocada bem no nosso coração: é impossível escapar da violência de sua deflagração." Pág.09


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Conheci o Martin lendo "Como me tornei estúpido", e foi um dos melhores livros que li em 2011. Agora, me dei de presente essa obra-prima da foto. Os personagens principais do Martin se parecem comigo, eu me identifico muito. Estão sempre sozinhos e são observadores. É o livro atual da minha cabeceira.


#Recomendo

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sobre relacionamentos.

Não me considero bonito como alguns dizem, nem feio como outros opinam por trás. Sou normal, comum. Não tenho a pretensão de arrancar suspiros, não tenho mais pretensão de nada. Queria ter levado esse ano nas costas de uma forma menos emocional, mas a gente nunca sabe quando alguém irá cruzar nosso caminho, não é mesmo? Não há como nos julgarmos inteligentes quando o assunto é relacionamento, eles nos deixam burros - eles não, o amor - independente da experiência que a gente tenha adquirido. Você teme que algumas coisas sejam arrancadas, mas sempre acaba arriscando. O gosto da curiosidade é delicioso demais, e você quer beber, beber... e ver o que tem lá no fim do copo. Não deveria existir final do copo, nem escassez de bebida, nem amores que terminam antes mesmo de nos acostumarmos sem eles. Esse aprendizado todo é dolorido demais, tem as unhas afiadas, rasgam o peito, esfarelam seu coração em poucos segundos. Eu queria ser menos curioso, não consigo. Sempre que pinta uma oportunidade de ser feliz, eu vou lá dar uma conferida. De repente, enquanto tudo parecia estar bem, o diretor invade a cena, pede que todos se retirem e manda todos voltarem no dia seguinte. Fim de gravação.

terça-feira, 29 de novembro de 2011




Três pedidos? Posso pedir só um, e pedir para os outros dois reforçarem o primeiro?

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Próximo do fim da temporada...

Mais uma vez as coisas deixam para ficarem feias perto do final de ano, como se houvesse tempo, força suficiente para dar a volta por cima, não tenho. Mais uma vez vou encher os bolsos de sementes de uva verde, abraçar um pé de coelho desesperadamente, desejando que o ano seguinte seja de mais doçura e menos amargura. Outra vez, relembrando o ano que se passou, o peito doendo, a cabeça tentando esquecer... não esquece. Vão me desejar coisas boas, que não vão acontecer, por mais que eu acredite. Farei diferente, serei otimista, e para que? Talvez esse ano, mesmo ainda semiacabado, tenha sido de possibilidades que eu não acreditava que poderiam surgir, e surgiram. Assim como foi o ano onde coisas que eu acreditava, morreram.

domingo, 27 de novembro de 2011

Sem título.

Subia enquanto segurava sua mão, um pouco suada, devido o nervosismo. Você está apaixonado? Não, por que a pergunta? Sua mão... Ah, não... sempre acontece isso. Você pensou que eu estivesse... apaixonado? Isso. Não, não, falei sem pensar, desculpa. Na verdade ainda não tinha pensado nessa possibilidade. É? Mas então, você vai me puxar, ou vai me deixar aqui passando frio? Desculpa, acabei me perdendo nos meus pensamentos. Aqui é tão bonito, por que nunca havia me mostrado isso antes? Não é todo mundo que acredita que eu posso chegar no céu, não concorda? As pessoas iriam me chamar de louco. E daí? Você já viu como as pessoas normais se comportam? Elas assistem tanta tv, tantos programas bobos, e nunca, nunca enjoam. Elas leem vários livros, mas não vivem intensamente como a maioria deles prega. Estão sempre dando dicas, conselhos de como aproveitar as oportunidades, mas estão sempre distraídas para novos acontecimentos, novas mudanças. As pessoas normais são deprimentes, você não acha? Então, é isso que estou tentando lhe dizer. Esqueça o que as pessoas pensam, se você tivesse seguido as regras, jamais poderia pisar em uma nuvem, jamais. E você acreditou em mim, como poderia agradecer? Me trazendo aqui mais vezes. Poderíamos ir na sua casa algum dia. Na minha casa? Sim, por que não? Mas eu nunca levei ninguém lá. Ninguém? Não... minha casa é o unico lugar onde eu me sinto bem, é como eu sou. Entrar nela, é como entrar em mim, ver como sou por dentro da casca. Mas já estamos saindo há meses... eu mal sei onde você trabalha. E você sabe muito, acredite. Nunca trouxe ninguém aqui em cima. Então eu sou especial? Claro, você é a unica pessoa que me faz sair de casa em pleno domingo. Que não me deixa com raiva, quando arruma a gravata do meu paletó, mesmo eu sabendo que eu arrumei direitinho. É a unica pessoa que me interrompe, e me faz querer contar tudo de novo, desde o começo. Minhas costas estão doendo... O que? Minhas costas... Ah sim! Vamos sair dessa grama, venha, vou te levar para comer alguma coisa. Aonde? Na minha casa.

sábado, 26 de novembro de 2011

Peça: Aqueles dois.


Hoje assisti a peça "Aqueles dois", baseada no texto do Caio Fernando Abreu. Sou suspeito para falar o quanto gostei, já que como vocês sabem (ou não?), eu sou bem apegado aos textos do Caio. Deve ser por retratarem tanto a minha vida de uma forma menos convencional, habitual. Também, por sempre irem mais fundo. Como se qualquer ida ao psicólogo não valesse merda nenhuma, não tivesse necessidade. A forma como as linhas me pegam é difícil de colocar em palavras, mas me transformam sempre que leio, ou releio. A cada trecho, a cada página virada, Morangos Mofados, O Ovo Apunhalado... Há quem ache que é escrita batida, modinha. De fato, os textos do Caio estão em todos os lugares, realmente atingiu a massa. Mas qual o problema? Quando algo bom atinge um grande número de pessoas, deve-se celebrar. Celebrar a leitura, o conhecimento, a poesia, o amor. Deveriam compartilhar mais livros, ao invés de palavras de ódio. O mundo precisa de pessoas como eu, como você, que deixam o sentimento vir à tona sem freiá-lo, dando passagem, correndo o risco de ser chamado de louco, ouvindo sempre um "cuidado, você vai se machucar". Sempre vai haver dor, feridas novas. E sempre vai cicatrizar. O que não dá, é para deixarmos que o externo atrapalhe o nosso interior desenfreado, sedento por felicidade. Não volta, o que foi... já era, virou pó. A vida nos dá a chance viver um amor tantas vezes... mas quem disse que ela nos dá a certeza de estarmos vivos para viver o próximo? Não é sozinho que os problemas vão ser resolvidos. O trabalho nunca vai te dar uma completa satisfação, nem sempre a família vai te compreender, são coisas que você vai carregar para sempre. No amor não existe "para sempre", existe o "vamos aproveitar enquanto há tempo".

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Se eu soubesse que viria...

Se eu soubesse que viria, teria mudado o arranjo de flores. Novas flores estariam enfeitando a sala. Eu tiraria os copos sujos com resto de nescau no fundo, a poeira dos móveis do quarto. Se eu soubesse, arrumaria a cama, ainda desarrumada de dias atrás. Ainda há roupa suja espalhada pelos cantos do quarto, objetos por todo lugar, fora de alinhamento. Eu: uma bagunça só. Cabelo desgrenhado, roupa amassada, um hálito nada agradável de quem acabou de acordar. Se eu soubesse, mas você não avisa. Abriu o portão, duas voltas com a chave na porta da sala, quinze passos até meu quarto e me pega assim: de qualquer jeito. Me pega assim de qualquer pelos quatro cantos do quarto, por cima dos objetos desalinhados, das roupas sujas, quebrando os copos sujos de nescau. Depois, começa a espirrar. Alergia, poeira. Meus olhos lacrimejam de ver você espirrando. Eu choro. Não, é cisco no meu olho, digo. Cinco minutos depois ainda há lágrima escorrendo a face. Não há mais cisco nenhum. É dor que não aguentava mais ficar enclausurada no peito. Se eu soubesse, teria me preparado psicologicamente, emocionalmente. Mas você nunca avisa, sempre chega sem bater na porta, trazendo sentimentos de volta, aquele tipo de sentimento que eu tento desde pequeno deixar do lado de fora.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Para onde minha vida está caminhando?

Oi, vida, você está me carregando para um caminho bom? Eu estou sabendo escolher as coisas direito? Você sabe do que eu tenho medo, não sabe? Eu tenho medo de ficar só, a sós comigo mesmo. Não, eu gosto dos meus momentos de reflexão, mas assim, geralmente prefiro estar acompanhado. Você acha que eu preciso mudar? Eu estou exigindo demais das pessoas? Eu estou sendo muito carente? Eu ando chorando muito? Eu deveria sentir vergonha de andar de cabeça baixa? Por que eu não consigo ser uma pessoa especial? Eu sou especial? Mesmo? Por que as pessoas não percebem isso? É algum defeito meu? Meu mau-humor? Minha falta de prática na cozinha? Por que as coisas boas sumiram, pararam de acontecer? As pessoas não se importam mais em amar? Cadê a simplicidade? Por que os momentos bons, precisam ser regados de idéias mirabolantes? Desde quando olhar as estrelas virou algo cafona? Amar é cafona? Me diz, é? Eu sou cafona por acreditar no amor verdadeiro? Ou estou acreditando nas coisas erradas, ultrapassadas? O amor morreu nos anos 20? Eu realmente ainda acredito em um mundo melhor, pessoas ajudando as outras pessoas. Isso é impossível de acontecer? Por que é tão difícil ser sincero? Por que as pessoas acham que contando uma mentira, essa mentira alguma hora pode vir a ser uma verdade? É tão estranho as pessoas julgarem minha dor, sem saber pelas coisas que passei... sem saber um terço da minha trajetória. Eu só queria um colo, um abraço. Será que por querer coisas simples demais, eu acabo parecendo exigente? Querer ser amado, é uma exigência realmente tão grande assim? Por que eu não posso simplesmente ter alguns momentos de felicidade? Por que depois de algum momento bom, eu preciso pagar com a dor? Até onde você acha que eu vou aguentar? Até onde eu realmente consigo lidar com tudo isso? Vai ser sempre assim? Eu vou estar sempre pagando pelos momentos de felicidade? Me diz vida, lá na frente as coisas serão diferentes? Eu queria que fossem, eu preciso que sejam, de verdade. Há alguma coisa que eu posso fazer? Faço qualquer coisa, qualquer coisa.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O outono que eu desconhecia.

Não era Outono. Não sei se era verão, inverno, o tempo estava fora de controle. Um dia o calor me fazia andar de bermudas o dia inteiro, e na manhã seguinte procurar o gorro entre as várias roupas nunca usadas no guarda-roupa. Lembro que a luz do sol me entristecia, tanto quanto a escuridão que vinha com a lua. Eu passava despercebido, cabeça baixa, escolhendo frutas maduras no supermercado. E jantava sozinho, uma taça de vinho, macarronada feita às pressas, o cabelo de qualquer jeito. Havia uma barba ainda para ser feita, remédios a serem comprados. Despertador tocando, mais um dia de trabalho. Despertador tocando, hora de tomar o remédio para um resfriado, que não acabava nunca. O chão da sala permanecia sujo, só de pensar em ir até o telefone discar o número da secretária me dava peguiça. A cama desarrumada, lençóis jogados no chão, uma verdadeira bagunça. No quarto e dentro de mim. Não raciocinava, escolhia qualquer coisa. Sofá vermelho, um lustre caríssimo que não combinava com a cor das paredes, os móveis de madeira e a cama de casal vazia, que mal cabia no meu quarto. Então, as folhas caíram. Não sei bem quando de fato elas vieram ao chão, não sei se foi quando me aproximei de você pela primeira vez, ou naquela vez quando você disse que sentia muito a minha falta. Mas elas caíram. E desde esse dia, desde nosso encontro incomum, eu soube que nada seria da mesma forma que era antes do outono chegar... e nunca mais foi.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Por um mundo melhor.

Eu vinha com esse assunto na cabeça enquanto caminhava até o trabalho. E eu tinha tanta coisa para escrever... aliás, eu tenho, mas não sei como organizar tudo isso para que fique mais fácil de ler. Na verdade, nem sei se alguém irá ler isso... mas tudo bem, daqui algum tempo eu vou voltar aqui e sentirei orgulho de mim mesmo pelas coisas que irei dizer a seguir. Como eu estava dizendo, estava caminhando para o trabalho tentando organizar minhas idéias, quando vi um senhor segurando caixas - aparentemente - pesadas. Eu fiz o que a maioria das pessoas faria, passei, ignorei e continuei. Logo em seguida, fiz o que poucas pessoas fariam no meu lugar. Eu olhei para trás, voltei e perguntei se o senhor gostaria de ajuda com as caixas. Ele não quis, mas agradeceu. Em seguida, explicou de onde vieram as caixas - embora eu não tivesse perguntado - e para que serviriam. Notei que ele queria conversar e permaneci ouvindo. Eu sempre fui bom em ouvir as pessoas, e por mais que às vezes eu esteja de mau humor, alguma coisa em mim consegue passar uma segurança/confiança para as pessoas que estão a minha volta. Confesso que não faço isso sempre, até porque eu costumo ser bastante distraído, e esses acontecimentos - ou oportunidades - geralmente passam sem que eu perceba. Isso que aconteceu me fez lembrar o quanto somos egoístas na maioria das vezes. É sempre sobre o quanto queremos crescer, o quanto queremos ganhar, o quanto queremos ser felizes, que acabamos esquecendo o quanto os outros precisam de outra pessoa, o quanto as outras pessoas precisam de um pouco de atenção. Uma boa ação pode não ser vista e aplaudida por uma multidão, mas com certeza vai mudar a vida e o dia de alguma pessoa - ainda que seja apenas uma - que estiver por ali passando, é verdade, eu mesmo já tive a prova disso várias vezes. Vale a pena ser bom, vale a pena ser gentil, educado. Vale a pena dar bom dia, dizer obrigado. Vale a pena sorrir, abraçar, amar. Não pense que o que acontece com alguém do outro lado do mundo, não poderá vir a acontecer com você. Nossa vida é tão frágil... eu faço planos porque são necessários, mas quantos planos por aí não foram interrompidos? Quantas palavras morreram engasgadas e nunca, nunca serão ditas, colocadas boca pra fora? Quantas pessoas morreram sem amar alguém e sem ser amado? Quantas? Milhares. Você já fez o seu dia valer a pena? Disse que amava? Ontem, mas, e hoje? Amanhã? O amanhã é incerto, lembre-se disso. Se já disse ontem, relembre hoje e assim sucessivamente. Não retenha suas qualidades, são elas que devem ser compartilhadas com as outras pessoas. São elas que podem salvar o dia alguém, mesmo que você nunca venha a saber disso. Eu sei que livros e frases já falam sobre tudo que eu escrevi, mas não custa lembrar. Pense nisso.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Gaveta empoeirada.

Estava lá, mas eu não percebia. Talvez porque abria as gavetas erradas, deixava as caixas brancas por último, e aí esquecia de abrí-las no dia seguinte. Sempre fui de ir nos mesmos lugares, olhar para os mesmos cantos, apreciar as mesmas paisagens. Comecei a achar tudo muito monótono, seco, sem vida. Esqueci, toquei a vida. Fui atrás de dinheiro, diversão e bebida barata. Ganhei alguns kilos, poucos momentos felizes, e uma lista interminável de pessoas que eu nunca gostaria de ter conhecido. Não estava lá, nunca esteve. Tentei fazer alguns felizes, me apunhalaram. Tentaram me mostrar o amor, eu parecia despreparado, ou com medo, não sei definir. Tantos preços, choros, soluções, olhos inchados. A cabeça doía, o coração estava cansado, eram tantos cacos a serem recolhidos, tantas dobras a serem desfeitas. Era tanto trabalho a ser feito. Estava quase desistindo, dando o braço a torcer. Em um dia desses - assim, inusitado - necessitava de molho de tomate (o dia em que eu usei esse molho foi bem estranho, mas isso é uma outra história) e saí para comprar. Mesmo sabendo que iria me deparar com várias pessoas no supermercado, coloquei minha camiseta mais vagabunda, qualquer bermuda, chinelo velho, cabelo desgrenhado. Coisa que nunca tinha feito, coisa que minha vaidade nunca tinha me permitido. Mas se seria um dia como os outros, por que? Por que tentar parecer bonito para ninguém? E foi procurando por uma coisa, que encontrei outra. Quem diria, não é mesmo? Logo naquele dia, logo quando não havia esperança, nenhum medo de ficar sozinho. É quando menos se procura, que nós achamos. Quem nunca foi atrás de uma caneta, e achou uma moeda de cinquenta centavos? É assim com o amor, você desvia o foco, e quando menos se espera, ele surge do nada. Às vezes, em lugares inusitados, por que não? Amar não está sendo fácil. É como se a cada dia eu tivesse um pouco de poeira para tirar, uma nova coisa para de acostumar. Não estou mais sozinho como antes. Nunca mais quero fechar essa gaveta, nunca mais.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Cinema e música.

Já faz alguns dias que eu tenho sede por filmes, música. Tinha evitado tais hábitos, para poder me focar no realmente importa agora: a faculdade. Ao mesmo tempo que alimento meu intelecto, sinto uma fraqueza por parte da minha formação cultural. Estou aprendendo mais em relação a contabilidade, matriz BCG, como melhorar uma empresa através do RH, mas não me sinto amadurecendo como ser humano, sabe? Talvez porque cheguei em um momento onde meu lado pessoal não anda ruim, como sempre andava. Eu já estava acostumado a viver uma vida de portas na cara, largar de mãos sem mais nem menos, egoísmo, mentira, sim seguido de um não. Vivia confuso. Sempre me levantando de quedas, buscando novos refúgios, tentando deixar de me meter em roubada (nesse caso, pessoas com más intenções). Quer queira quer não, essas coisas fazem você amadurecer. E agora, que me vejo em uma fase mais tranquila, não sei como me sentir em relação a tudo isso. Não que eu não esteja gostando, longe disso. Ninguém melhor do que eu, para saber que eu estava precisando de um pouco de sentimentos bons, reciprocidade. O problema é que eu desaprendi a viver assim. Essa vida cheia de carinho, de gente pensando em você, sentindo saudades, ligações tarde da noite. Tenho medo de não conseguir pegar o ritmo das coisas, de não amar o suficiente, de ser um problema ao invés de uma soma. É por isso que sinto falta da leitura, dos meus filmes. Sempre me espelhei muito em ambos. E agora me vejo sem tempo para eles. Não que minha rotina esteja me deixando sem tempo, mas é que quando o tenho, a cabeça já está cansada, pedindo cama, oito horas de sono. Ao mesmo tempo, sinto falta de conversar com amigos, de ter alguém para ouvir minhas bobagens, essas que eu poderia estar dizendo ao invés de escrevendo. Mas, sempre foi assim, não é mesmo? Não é à toa que tenho um blog há tanto tempo. A falta de ouvintes junto com o gosto pela escrita, me fez falar mais comigo do que com qualquer outra pessoa. Deve ser por isso que eu consigo me descrever melhor do que muitas pessoas. São muitas horas comigo mesmo, me conhecendo. Já vi até onde eu consigo suportar, as coisas que doem, que fazem bem. O modo de lidar com as situações. Enfim, finalmente, estou vivendo meu próprio filme, e não estou sabendo dirigir as coisas, talvez porque dessa vez - e pela primeira vez - exista a palavra "recíproco" na trama. E isso é novo, é estranho, diferente, complicado, mas... é bom, muito bom.

domingo, 18 de setembro de 2011

Song: With You I'm indestructible.

Look the sky, is so blue.
Look the sunshine, is bright in my eyes.
When you walk until me, I loose my breath.
When you smile, I feel wonderful.
Please, never go away.
I know, this is hard, but love is not easy.
If you hold my hand, I will protect you forever.

Chorus:
"You make me feel (better, better)
Your words make me (higher, higher)
When you're with me,
I am indestructible."

Just believe, believe.

Look this place, I met you here.
In your car, it was our first kiss.
You remember that? I will never forget.
Because you're so fucking special.

;)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Eu quero ser seu anjo.

Espero que isso que vou escrever agora, consiga tocar teu coração, tanto quanto as suas palavras conseguem tocar o meu. Depois de assistir "Cidade dos Anjos", me senti inspirado a escrever isso para ti.

"Eu quero ser seu anjo. Te acolher em minhas asas nas noites chuvosas, cuidar de você enquanto dorme, olhar nos teus olhos ao acordar e dizer "bom dia", de uma forma tão doce que te encante pelo resto do dia. Não quero te trazer dores, misérias, destruição, apenas felicidade, sorrisos e sentimentos bons. Quero que você me permita ser teu protetor, e que eu seja suficiente para suprir as tuas necessidades. Sem que seja preciso dividí-lo, e espero que isso não pareça egoísmo da minha parte. Não entendo, as pessoas não estão mais valorizando as coisas simples, o beijo de boa noite, um jantar simples no final do dia, "eu te amo" foi banalizado, fica parecendo que tudo que eu sinto agora não é nada, e você pode até achar que não é, mas é sincero, e é tudo que eu tenho. Não vou poder te encher de presentes, te levar para jantar em lugares caros, mas tenho carinho e amor de sobra, transbordando pela tampa, todinho para você. Posso te levar pra passear, te prometer meus beijos mais sinceros, o abraço mais apertado e acolhedor, as palavras mais doces. Quem me dera poder te dar o mundo. Quem me dera poder voar até o céu e te trazer uma estrela, e sim, eu sei, você gosta de estrelas, não gosta? Roubaria todo os planetas do universo e te daria, se fosse possível. Mas eis o possível: meu amor. E veja, talvez seja o maior presente que você pode ganhar. Amar de verdade está tão difícil, tão corriqueiro, fútil. Namoros cheios de regras e limitações. Eu tenho criatividade, posso não te dar um carro novo, mas sei desenhar um. Posso não ter dinheiro para te dar livros, mas posso escrever um e te dar de presente. Eu gosto de fazer surpresas, e elas não tem data certa. E você vai até achar estranho e pensar "Mas calma aí, nós só iremos fazer aniversário de namoro daqui uns dias". Mas logo depois você vai ficar feliz, eu sei que vai. Por mais boba que seja a surpresa, vai ser sincera, feita de coração. Mesmo sendo anjo, não sou perfeito, e te adianto isso antes que você crie expectativas exarcebadas sobre mim. Eu vou errar, mas não vou errar feio, fica tranquilo, nunca passará pela minha cabeça te trair, em hipótese alguma. Sempre fui fiel. Com o que eu sinto, com as outras pessoas, com tudo. E prometo ser com você também, é claro. O que mais posso te oferecer além disso? Se você me disser eu vou atrás, exploro, dou um jeito. Eu só quero fazer você feliz enquanto estiver comigo, seja longe ou perto, sentindo o calor do teu corpo ou não. Só quero que você lembre de mim, sinta minha falta, assim como vou sentir a tua, mesmo quando você ainda está lá do meu lado, brincando com o meu cabelo. Eu não preciso de mais nada, a não ser do teu sentimento recíproco, da tua doação, do seu comprometimento, e que leve isso a sério tanto quanto eu. Se me aceitar como teu anjo - e único - prometo-lhe segurar a sua mão e não largá-la de forma alguma. E aí, o que você me diz?"



:)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

E chove na cidade.



Chovia muito forte, era fim de tarde. Eu estava sentado em frente a casa dele, esperando. Acho que esperei por quase duas horas, até ver o seu carro se aproximando. Sem perguntar o que eu estava fazendo ali, me levou para o seu quarto e enxugou os meus cabelos úmidos. Depois, sentados na cama, ele me olha com um certo ar de dúvida, como se estivesse me pedindo para explicar algo, provavelmente, o porque de eu ter aparecido sem avisar. Na verdade, eu não sabia exatamente que motivo dar para ter ido até lá a pé, já que não havia nenhum motivo aparente. Deve ter sido a saudade que me fez percorrer kilômetros, a vontade de ganhar um abraço, necessidade de um colo. Vendo que não obteria nenhuma resposta exata, se aproximou de mim, e levemente colocou seus dedos - um pouco gelados - no meu rosto. Sorrindo, disse que não tinha problema em eu aparecer sem avisar. Já faziam duas semanas desde a última vez que tínhamos nos visto. Haviam planos, sempre haviam planos. Imprevistos começaram a se tornarem rotineiros, mas sempre fomos pacientes, tanto um com o outro, quanto com as outras coisas que nos fugiam o controle. Se você pensar no relacionamento de amor entre o sol e a lua, se dá conta de que nem sempre os dois se vêem, e mesmo assim, eles permanecem juntos até hoje. Parece bobagem, mas se pararmos para refletir um pouco a respeito, até que faz sentido. Naquele dia, eu vi o quanto meu amor era grande, e que mesmo com a distância, ele não havia diminuído. Quando nos conhecemos, eu prometi que nunca deixaria de remar o nosso barco, desde que ele também fizesse o mesmo. Assim irá dar certo, eu disse. E está dando.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Ficção e realidade.

Venho por meio desta dizer que sim, existem príncipes na vida real. Ele não chegou em um cavalo branco, e nem sei se ele sabe andar de cavalo, mas ele veio, e assim como nos filmes, havia um lugar reservado pra mim. E quando ele estendeu sua mão direita, eu não tive outra escolha se não esticar a minha e dizer "tudo bem, eu vou com você". Continuo indo, e a cada dia eu sinto algo diferente. Há dias que acordo feliz, no outro com uma saudade absurda que fazem meus olhos lacrimejarem. Mas aquela sensação de vazio, tristeza, nunca mais a vi. Já haviam me alertado sobre romances assim, que eles não passavam de pura ficação, e veja bem, consegui fazer com que todos eles mordessem a própria língua. E se eu tivesse deixado de ser sonhador? Isso talvez nunca teria acontecido. Nós somos muito parecidos. Quando estou com ele, sinto uma tranquilidade indescrítivel, como se nada de ruim pudesse chegar até mim. Seu abraço funciona como um escudo, seu sorriso é um candelabro. Sua pele é um vício ao toque. Da sua boca saem as palavras mais lindas, e as coisas mais engraçadas também. Qualquer ato dele é digno de uma foto. Quando adormece, é impossível não ficar admirando. Explorando cada detalhe, contorno, suas especificações são lindas. Eu tenho tomado cuidado para não me precipitar, mas cada palavra aqui escrita é uma precipitação, é um depósito de desejos, de querer que dê certo. Talvez eu não devesse publicar, mas eu queria que as outras pessoas soubessem como é estar assim, e que por mais impossível que possa parecer, sempre conseguimos o que queremos, basta não deixar de acreditar. Isso é íntimo demais, e provavelmente eu deveria escrever isso em uma folha de papel e entregar ao destinatário, mas assim como nos filmes, não conseguiria guardar isso só entre a gente. Não que isso seja um espetáculo, mas eu quero que sirva de exemplo para outras pessoas, que assim como eu há uns meses atrás, achava que isso nunca poderia acontecer, que era bobagem, mania convicta de achar que amor e cinema era a única formúla que podia dar certo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O inesperado.



Naquele dia, eu não esperava nada. Apenas entrar no supermercado, comprar um pote de sorvete e sair de lá, sozinho, da mesma forma como entrei. E então você passou, não tive como deixar de olhar. Na segunda vez você retribuiu, e eu achei que tivesse sido mera coincidência. Na terceira vez, não tive dúvidas, era o destino. Eu tinha que estar lá naquele dia atrás de pote de sorvete, você tinha que estar lá na sessão de cereais sozinho. Eu, mesmo sendo muito tímido, tinha que me aproximar de você. E pronto, estava feito. Justamente da forma mais inesperada você entrou na minha vida. E da forma mais esperançosa possível, eu desejo que você nunca mais saia dela. Eu tenho uma porção de sentimentos bons pra te mostrar, milhares de carinhos guardados pra você em gavetas empoeiradas (agora finalmente abertas), um amor enorme trancado no peito, tudo feito a mão, especialmente pra você. Coisas que eu não disse pra mais ninguém. Desejos, sonhos, manias, tristezas. Eu quero dividir tudo. As dores, as alegrias, as vitórias, as perdas. E eu estou disposto a superar qualquer obstáculo, seja ele quão difícil for, e espero que você esteja também. Sim, estou apaixonado. Posso não ter dito isso ainda, mas você sentiu, não sentiu? Você consegue perceber como fico feliz ao seu lado? Você consegue perceber como minhas pernas tremem, e as palavras travam em minha boca? Você percebe que eu gosto de você quando te beijo? É demorado, carinhoso. Quanto toco seu rosto e logo depois meus olhos brilham, e meu coração se enche de ternura, você percebe isso? Não consigo definir tudo isso, se não sendo aquilo que geralmente chamamos de amor. Cada dia longe, é uma saudade que cresce sem que eu possa fazer algo para lutar contra. E toda vez que estamos juntos o tempo voa. Queria poder congelar essas boas memórias que já construímos, e não sair delas nunca. Parar o tempo, bem na hora que eu deito minha cabeça no seu colo e você diz lentamente que eu sou muito bonito. O modo como você diz faz meu coração acelerar. Todas as suas ações parecem corretas, porque isso é o certo. Eu tenho que estar com você, você tem que estar comigo, isso é fato. Seu jeito, seu olhar, seu sorriso, seu cabelo, sua pele, eu amo tudo isso.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Deliberações sobre o amor I

Uma hora a gente aprende que não devemos esperar demais, e nem exigir tanto dos outros, mas que também não se deve desacreditar de tudo, pois ainda existem pessoas realmente interessantes e boas por aí. Chega-se a conclusão de que a paciência é a maior dificuldade do ser humano, mas se bem trabalhada, pode nos trazer bens valiosíssimos, amores pra vida toda. Ter amigos é realmente importante, mas quantidade nunca será qualidade. Aprenda a fazer amigos, não colecioná-los. Sim, é possível amar várias vezes e das formas mais variadas. Acredito que o amor seja algo inesgotável, sem definição. E é justamente por não sabermos definí-lo, que ele me parece ser um dos sentimentos mais bonitos que alguém pode sentir. Se até agora os seus amores não deram certo, era porque a sua vida ainda tinha muitas voltas para dar. Quando um relacionamento acaba, não acabam-se as oportunidades para sempre, era apenas o meio do filme, não o final. Não seja realista demais a ponto de não acreditar em "felizes para sempre", filmes que relataram isso nunca foram de ficção, e o amor nunca foi um sentimento inventado pelo homem, embora acredito que ele tenha sofrido grandes transformações com o passar dos anos. Enquanto alguns buscam relacionamentos de curta duração para saciar a sede momentânea, eu busco algum que me dê de beber a vida inteira.

domingo, 28 de agosto de 2011






"Dizem que não devemos gritar alto nossa felicidade, e eu concordo. A felicidade alheia acorda os invejosos do sono profundo. Por hora, só posso desejar que tudo isso dê muito certo, é o que eu posso dizer no momento."




quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Música brasileira.

Não, eu não escuto muito música brasileira. Não gosto muito desses artistas de MPB que tem aparecido de uns meses pra cá. Minhas músicas no momento, são bastante variadas internacionalmente. Tenho dado pouca atenção para o Brasil, estou buscando conhecer um pouco da música dos outros países, sabe? Porém, toda vez que me dá uma vontade de ouvir algo bonito na voz de alguém da minha terrinha, abro logo a pasta com as músicas do Leoni e é só felicidade. Quem nunca quis esquecer um amor? Quem nunca procurou por um? Quem nunca foi machucado? Leoni fala sobre isso e muito mais, e é por isso que eu gosto tanto dele. Essa é uma das minhas músicas preferidas do cd "Outro Futuro". Espero que gostem, até mais.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A pior fase da minha vida.

Não sei quando foi que desviei o caminho, mas foi ano passado, disso eu ainda lembro.Talvez tenha sido aquela calça a mais na sacola, a blusa que eu não precisava, os infinitos cosméticos, produtos para espinhas, cabelo, corpo. Tentar ficar mais bonito, acabar com a acne, e ter um cabelo que não beirasse o ridículo custou caro. E não valeu nadinha, hoje eu tenho noção disso. Mas o estrago está feito, e ainda que tenha sido há um ano atrás, me prejudica até o exato momento. Quando uma bola de neve se forma, ou você a arremessa no sol quente, ou sofre as consequências. Achei que ela iria desaparecer com o passar do tempo, mas ela cresceu. E está me tomando por completo. Acabando com a minha vontade de estudar, de trabalhar, de sair de casa, de pensar, escrever, malhar. Acabando com a minha vontade de cantar, amar, viver, sonhar. Esse não é um daqueles problemas que você chama o melhor amigo, e uma simples conversa te faz ver uma luz no fim do túnel. Ninguém pode me ajudar. E aí meu corpo dói. Dores da academia, dores de angústia, dores de tristeza, dor na alma, lá no fundo. É tão grande que não sinto vontade de chorar, ainda que eu faça um certo esforço. Não, eu não tenho quem passe a mão na minha cabeça e diga que vai ficar tudo bem. Não tenho distrações, estou sempre com isso na minha cabeça, o tempo todo. Está difícil acordar, rezar para que eu consiga uma carona, que alguém se sensibilize, que eu consiga chegar na faculdade a tempo de pegar uma aula completa. Não ir a pé. Eu estava lidando com as dores do coração e já achava isso o fim do mundo. Quando todas as outras áreas da minha vida começaram a se encharcar, uma foi infectando a outra, e agora tudo dói. Pele, coração, cabelo, unhas, pêlo. E não adiantou nada bancar o vaidoso, tentar ser bonito. Percebi que ninguém nunca elogiou meu cabelo, quando ele estava bonito e hidratado. Ninguém nunca disse que minha pele tinha melhorado de aspecto, devido os produtos que eu estava usando. Ninguém nunca disse que meu perfume importado era de bom agrado, e nem que academia estava realmente me deixando apresentável. De nada adiantou se envaidecer. Ninguém viu, percebeu, comentou, ligou. E nem que eu plante bananeira no centro da cidade, isso vai mudar. Vai ter que ser sempre eu a me elogiar, me amar, e dizer que eu posso chegar onde eu quiser, do contrário, se for esperar isso de terceiros, eu perco toda uma vida e chego até a morrer.

domingo, 21 de agosto de 2011

Palavras são seres vivos.

Sabe quando o tempo escurece?
Quando você acorda e sente seu corpo pesar,
como se não houvessem motivos para temer a dor, a morte, o mau cheiro vindo pelos cantos?
Até que um dia,
você acorda e sente um sabor doce escorrendo pelos lábios, mas ainda
não era o que você esperava.
Não é uma tropa vindo te salvar, não é a saída permanente, 
não é o fechamento de um ciclo.
Mas é a corda. 
É o abraço que você precisava, são as palavras que você queria ouvir,
é a metade do caminho, um terço da dor tirada dos ombros.
Não era só eu e eu mesmo como eu pensava, haviam eles,
as cordas, as ataduras, amuletos e salvações.
Não necessariamente no plural.
Sendo assim, se engana quem acha que palavras não mudam o mundo, elas
possuem mais força do que imaginávamos, mas as tratamos como
se fossem descartáveis, como se ao dizê-las sem pensar antes,
não estivéssemos cometendo o maior delito que há no mundo:
empregar palavras bonitas em momentos imundos.



sábado, 20 de agosto de 2011

Ele e os outros. (Pt2 - final)

E então, se encontraram na praça. O outro chamou ele para ir até seu apartamento, que ficava bem próximo dali. Eles foram. Pequeno, aconchegante. Fazia frio, não deveria ter sido perfeito? Não foi. Começou bem, com conversas sobre tudo, até mesmo íntimas, assim tão cedo, precoce. Ele supôs que uma conexão estava começando a ser estabelecidade, se enganou. Havia muito ex na conversa. Muita bagagem, e ele percebeu que seria difícil, começou uma luta interna para decidir se ficaria ali ou iria embora. O outro lhe deu esperanças, disse que queria tentar. Ele, então, viu que tentar não seria problema, mas disse que não podia lhe dar certezas. Se entenderam, aparentemente. Começou a ficar tarde, e ele precisava ir embora. Um aperto de mão, até logo. Ele não criou esperanças, deixou todos ali, na beira da calçada e seguiu até o carro. Durante a viagem até sua casa, foi se convencendo de que teria terminado ali, a história de mais um início com fim. Com o passar das semanas, ficou se perguntando o motivo de tantas mentiras, o motivo do outro ter dito "vamos tentar" se isso não iria acontecer de fato. Por que as pessoas ainda insistem em mentir? Parece muita ingenuidade ele se perguntar isso?

sábado, 13 de agosto de 2011

Passatempo definir.

E vira assunto de roda. O que você acha de fulano? Acho que ele é triste demais, tudo que ele escreve ecoa em trágedias. E por aí vai. Eu sempre fui tão fechado, a ponto de nem minha mãe saber me definir direito, dizer as coisas pelas quais eu sentia interesse. Sempre que abro a boca para dizer que gosto de tal coisa, é uma surpresa. Como eu acabo falando mais fora de casa, os outros tendem a me definir como querem. E eu não sou assim, do tipo que chega nas rodas de desconhecidos sendo transparente. Nunca serei transparente com desconhecidos. Irei continuar na defensiva, observando, até ver motivos suficientes para tirar a armadura e mostrar quem sou de verdade. Não faço isso por medo de arriscar, faço isso por me conhecer muito bem, a ponto de saber que uma decepção vinda de pessoas que eu amo é suficiente para me derrubar, logo, preciso ter cuidado, andar na ponta dos dedos. As pessoas nunca foram confiáveis, mas parece que a cada ano só piora. É tanta coisa acontecendo, crescendo, modificando, evoluindo tecnologicamente, que as pessoas lutam bravamente para correr atrás desse conhecimento para não ficar para trás, e se esquecem de evoluir e crescer espiritualmente, corrigir as próprias falhas, olhar mais para si mesmo, ao invés de dar atenção para a vida alheia. Nem eu sei dizer se sou mais mocinho ou vilão nessa vida, por que vocês que vivem fora de mim saberiam mais do que eu?

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Entenda.

          Entenda que eu não quero complicações, mas isso não quer dizer que eu não esteja disposto a desafios. Tudo bem, eu passei por poucas e boas, e tenho dificuldade em confiar nas pessoas assim tão facilmente. A priori, pareço tímido, e até sou um pouco, porém, se você tiver paciência, em pouco tempo eu me sinto à vontade para te contar a respeito das minhas dores e felicidades. Já disseram que eu era frio, e eu nunca respondi a essa questão diretamente a pessoa que me julgou assim, pois na hora fiquei sem palavras e preferi ir embora. Não sou frio, como alguém pode dizer isso depois de conversar comigo por duas horas? Nem um psiquiatra conseguiria traçar minha personalidade em meses, quem dirá alguém que eu acabei de conhecer. Se o objetivo era me repelir. ele conseguiu. De qualquer forma, nunca mais o vi, então, deixemos esse assunto lá no passado mesmo. Continuando a respeito da minha falsa frieza, como alguém que chora assistindo filmes de romance, pode ser classificado como uma pessoa fria? Até onde eu sei, frieza está relacionada a palavra vazio, ausência de sentimentos. Isso é praticamente o contrário do que eu sou, mas pode exatamente ser o que eu apresento. Entenda que eu não sou como as outras pessoas, logo não sou tão extrovertido e aberto assim, sem mais nem menos. A maioria das minhas qualidades e defeitos, você só começa a enxergar depois do segundo contato, e talvez seja um defeito meu não conseguir ser tão transparente quanto os outros gostariam, mas e você, não tem defeitos também? E quando digo os outros, é porque eu me sinto bem sendo assim, embora seja bastante trágico em algumas ocasiões. Eu vou entender se você não quiser manter contato, ou achar que é cedo demais, tarde demais, complicado demais, ou que você não está preparado ou com saco. Eu disse que iria entender, o que é diferente de dizer que não vai doer. Vai doer, porque achei que você era a pessoa certa que apareceu em um momento propício. Vai doer, porque eu realmente estava interessado nas suas vivências, desejos, sonhos, rotinas. Vai doer, porque você mexeu em pedaços meus que eu nem sabia que existiam. Mas, vai doer muito mais, se você me manter preso no seu anzol, sem saber se me acolhe ou me devolve pro mar. 

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A velha conversinha de sempre: o tempo cura.


          E essa velha conversinha é a mais confiável, porém, não quer dizer que seja fácil. Quando se diz "tempo", nunca se sabe o tempo real. Se é daqui algumas horas, meses, anos. O tempo é diferente para cada pessoa, situação. Há pessoas que vivem uma vida inteira de luto, e outras que não. O modo como uma pessoa afeta a sua vida, será diferente do modo como ela afetará a minha, e isso funciona para todo mundo. Mas assim,  o tempo cura tudo? Posso dizer que, dependendo do grau da ferida, ela pode sim ser estancada para sempre, ou, por um certo tempo. Isso vai depender muito da forma como você vai lidar com ela. Não há dor, se você consegue viver sem lembrar dela, mas como não fazer isso? Memórias são armazenadas, você querendo ou não. Quando estamos com alguém, seja por alguns minutos, vivemos alguma situação, ouvimos alguma música, e inconscientemente, guardamos aquele momento em nossa memória. E sempre, sempre que ouvirmos aquela música, aquela pessoa irá surgir na nossa cabeça, com ou sem a nossa permissão. Então, qual a solução? Se livrar de qualquer coisa que possa nos remeter a lembranças de alguém que não queremos lembrar, é uma delas. Embora algumas vezes, a própria pessoa se recusa a fazer isso, e aí... sinto muito, não há como ajudar alguém que não quer ajuda.

O tempo estanca feridas, mas não é multiprocessador.

          Eu realmente não sei como anda o meu emocional. Sinto como se o tempo ainda estivesse cuidando de assuntos não resolvidos, de muito, muito tempo atrás. Esses dias, cheguei a conclusão de que deve ser por ainda me lembrar deles com uma certa frequência. É só um relacionamento novo não dar certo, para que eu volte lá atrás, me lembre daquele (único) que deu certo, e venha a pensar: "acho que fiz besteira", "acho que aquela era a pessoa certa", entre outros. Desde então, procuro não pensar mais assim, embora seja difícil. O meu medo neste momento, é de que o tempo vá passando, passando, e eu continue tratando dessas feridas e esquecendo de viver. É claro que existem momentos que eu paro e penso: Ok, vou lá ver como andam as coisas mundo a fora. E pronto, não demora muito, até que mais um ferida aconteça, mais uma ferida nova esteja aberta. E daí eu me fecho. Sabe, eu não tenho mais tempo para ganhar e cuidar de feridas, eu realmente preciso de alguém que me dê coisas boas, que me proporcione momentos felizes... de amores correspondidos, só isso.

Deliberações.

Independente de quem seja, pessoas sempre serão enigmas, e surpreendentes. Algumas conseguem, por um certo tempo, tomar decisões que seguem uma linha de raciocínio, mas vez ou outra, vão te surpreender, ou te deixar esperando por algo que não vai acontecer. Pessoas demasiadamente enigmáticas, costumam deixar uma interrogação plantada no seu subconsciente. Eu não sei lidar com pessoas, com nenhuma delas, nem com meus próprios amigos. Pensando nisso, eu cheguei a conclusão, de como deve ser difícil para eles imaginarem o que eu quero e preciso. Às vezes eu digo que estou bem, mas na verdade preciso que corram até mim e me abracem. Outras vezes, prefiro que fiquem onde estão, e que não apareçam em hipótese alguma. Seres humanos são complicados, mas existem alguns bem piores nesse quesito. Isso remete um pouco a falta de sinceridade, em algumas situações. Quando uma pessoa diz que vai me ligar, e essa pessoa é importante, eu realmente fico esperando que o meu celular toque. E todo o resto do meu dia gira em função disso. Por que? Por esperar sempre a verdade, e o melhor das pessoas. E com que frequência isso acontece? Quase nunca. Se você for pego desprevenido, você imagina mil situações, mas não passa pela sua cabeça a verdade que você tenta não enxergar, a verdade de que a pessoa provavelmente não está interessada em você. Mas, quando você quer muito alguém, você insiste... porém, no meu caso, eu desisto logo depois. Por mais que eu venha a sofrer, me isolar, eu deixo de lado, quanto mais cedo eu aceitar a verdade, mais rápido eu consiguirei levantar a cabeça e seguir em frente. Ainda um pouco neste assunto, ouço muitas vezes conselhos de amigos, como por exemplo: "Espera, que logo logo vai aparecer alguém." Pedir para esperar é fácil, quem precisa esperar é que vai passar por uma temporada difícil. E isso, me faz lembrar dos suicidas. Não sei se é bom, ou ruim, mas eu não cresci com a coragem deles. Essa coragem de subir em um prédio e dar fim a própria vida. Se a tivesse, não sei se estaria aqui hoje, de verdade. A questão não é que eu tenha passado por coisas terrivelmente trágicas, é que todas as pequenas ruínas foram se aglomerando em volta das minhas qualidades, e posso dizer, que chegam a trancá-las algumas vezes, fazendo com que eu não seja mais nada, além de um pedaço de tecido que anda e fala. Mesmo com as músicas, os versos, poemas, filmes, as pessoas ainda tratam a vida como se fosse eterna. Deixam de fazer hoje, para fazer amanhã. Deixam os sonhos para daqui alguns anos. Que segurança é essa? De onde vem? Da fé? Eu posso ter fé, e ser inteligente o suficiente para saber que posso morrer a qualquer momento. E se você morre agora, já parou pra pensar em tantas coisas que ainda queria ter dito/feito e deixou para amanhã?

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ele e os outros.

          Estavam a fim de sair. Marcaram de se encontrar em uma boate. Encontraram-se. Enquanto um ia buscar bebida, o outro balançava os dois braços no ar. Boa música, clima quente. O outro não volta mais, encontra um amigo próximo do bar. Alguns conhecidos se aproximam e fazem companhia para o rapaz esquecido. Logo, o outro volta e se junta a todos. Havia desejo de um, necessidade de outro. Não deu certo, não deu em nada. Um deles saciou a vontade em outro qualquer. O outro ficou lá parado. Voltaram a ficar juntos, na mesma roda. O outro avistava outro que estava próximo à saída. Fazia seu tipo, todo o seu tipo. Surgiu uma necessidade, um interesse, um desejo, vontade, paixão. Olhares se cruzaram, estavam conectados. O outro, ainda na roda, não entendeu, não compreendia, assimilou errado os fatos. Fim de festa. O outro estava parado na frente da boate, então, surge ele saindo no mesmo momento. Era ele, e não o outro. A diferença era tremenda. Não sentia por um, o que sentia pelo outro. Deu seu telefone. Esperou uma ligação, dois dias se passaram, então, desistiu de esperar. Quando desistiu, aconteceu. O telefone tocou. Marcaram de se encontrar em alguma praça, eu acho. O outro não sabe o que vai acontecer. Ele? Tampouco.  

(Aguardem por mais novidades)

Bom dia?



"Minhas mangas, minhas calças pareciam um saco. Todas as minhas roupas pareciam um saco. O quarto todo parecia um saco. Eu mesma era como um saco. " Depressões, Herta Müller.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Folhas secas.

Foto tirada por mim, em uma dessas manhãs agradáveis.

O vento é agradável. É um pouco gelado, mas há sol. No chão, as folhas secas. Em cima da terra, com seus sapatos, mulheres e homens catam essas flores secas e as jogam em uma grande caixa verde. Há quatro cadeirinhas no balanço, mas nenhuma criança, ou estão na escola, ou deixaram de ser crianças. O sol começa a avnaçar por entre as folhas verdes. Tocam meu rosto vagarosamente. Pessoas caminham, e perdem calorias. Pedalam e perdem calorias. Outras dirigem, mas não sei se perdem calorias. Acho que não. Sinal vermelho, carros e mais carros em fileiras. Agora o sol toca metade do meu rosto. Estou bonito? De certo, brilhante. Há uma vala enorme entre dois montes de terra. Há árvores, que embelezam o local. Enormes, e eu aqui tão pequenino. Algumas pessoas não trabalham pela manhã, e então, elas acordem cedo, caminham, talvez olham a paisagem, e voltam para casa, quem sabe. As mulheres e homens catam essas folhas mortas, por que? É lindo ver as folhas mortas que escorregaram das copas das árvores, deslizando-se entre os caules, tronco maciço. Até cair levemente no chão e serem pisoteadas por pessoas cruéis. "Calma aí, deixem essas aqui, depois eu as jogo fora" Eu disse. Pediram lincença, limparam onde meus pés estavam pisando, ao redor do banco, tudo. Deixaram bem limpinho, que ódio. Agora não há mais folhas, logo, não há mais motivos para eu ficar aqui, a beleza das folhas mortas estão brilhando em grandes caixas verdes. Por que?

domingo, 26 de junho de 2011

Dormiu enquanto assistia "Paris, eu te amo". Acordou com o óculos um pouco torto no rosto, por pouco não dormiu sobre o mesmo. Se levantou e bateu a canela em um banco que estava próximo, foi abrindo os olhos devagar, e percebeu que não estava em casa. Aquela não era sua cama, aqueles não eram seus discos, a foto na escrivaninha não era sua, olhou para a cama mais uma vez, e viu que havia outro corpo ali. Foi para a sala, sentou, e começou a lembrar do que tinha acontecido, e de como tinha ido parar ali. Dessa vez, a culpa não era da bebida. A noite é traiçoeira. É nela que você se sente mais vulnerável, é nela que seus sentimentos ruins ficam mais aguçados. Se você está triste, quando a madrugada chega, você se sente triste duas vezes mais. E é assim com todos os outros sentimentos, com todos os outros desejos carnais. Pela manhã, essa idéia vira do avesso. Vira arrependimento. Você quer voltar a fita, não dá. Desfazer. E agora? Como explicar? Como fazer o outro entender, que tudo que você disse pela madrugada era fruto da própria noite, e não da boca de quem dizia? Vai parecer confuso, mais uma vez. E mais uma vez ele sai nas pontas dos dedos. Sai recolhendo todas as peças de roupa. Sorrateiramente. Mas antes, resolveu deixar um bilhete:
"Eu sei, fui eu que insisti para nós pararmos aqui. Mas a culpa não é minha, nem sua. E se ambos não são culpados, o melhor que podemos fazer é tocar nossas vidas, como se "isso" só fosse "isso" e nada mais que "isso". Eu sei, da outra vez foi a mesma coisa. Talvez você esteja finalmente me conhecendo. Quem sabe? Tchau, um beijo." E é isso. Nada mudou. Continua sendo o mesmo pela manhã. Independente afetivamente, pedra no lugar do coração.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Literalmente.

Par ou ímpar foi o critério usado para escolhermos o filme que veríamos naquela noite. Com um critério tão absurdo desses, eu já previa que a noite não iria me oferecer mais que pipoca e gastos desnecessários. O filme era de ação, efeitos especiais mal bolados, e um silêncio que só era interrompido quando uma bomba no filme explodia, ou quando alguma moça da mesma fileira que a minha pedia passagem. Às vezes, dava vontade de dizer que eu iria pegar um refrigerante e sair de fininho, mas resolvi ir até o fim para não rolar aquele dedo de arrependimento depois. Ao término do filme, saímos andando sem destino, e chegamos até um barzinho próximo ao rio. Uma boa vista, e um papo bastante egocêntrico. Enquanto ele falava, eu escutava. Quando minha vez de falar era concedida, ele logo interrompia com um "Isso que você disse me fez lembrar de uma história". Ele mudou de lugar duas vezes, foi ao banheiro apenas uma, e disse a palavra "literalmente" umas quinhentas vezes, talvez para que ficasse bastante claro que literalmente não sairia nada daquele encontro. O tempo ia passando, e a minha capacidade de absorver histórias já havia se esgotado. Acho que nunca ouvi tanto alguém falar, desde o término do meu primeiro namoro em 2007. Mais uma vez, dei de comer as esperanças e elas morreram na praia, aliás, sequer chegaram a ver a cor do mar. Mas eu tinha que tentar, ir lá e tirar minhas próprias conclusões. Se não, iria ficar com aquela dúvida na cabeça de "podia ter sido ele... podia ter sido ele...". Pelo menos naquela noite, eu dormi tranquilo e vi que o pior que pode acontecer em um primeiro encontro é isso: você continuar onde estava, ainda que sozinho e com a esperança levemente reduzida.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Emprego

Voltaram as nuvens carregadas de chuva, os dias apressados, o cabelo desarrumado pelo vento, a roupa amassada depois de uma hora naquele empurra-empurra de metrô. O sapato gasto de tanto andar de lá para cá, e até agora nada. As nuvens cada vez mais escuras, os jornais alertando uma possível chuva, e até agora o que eu consegui? Olhei no espelho, uma imperfeição bem na ponta do nariz, agora está tudo perfeito. Recusei convites para sair, não há roupas limpas no armário, a moça que deveria deixar tudo em ordem não aparece há dias. E todas as mídas focadas em uma coisa só: arrancar dinheiro de casais à todo custo. E eu focado em uma coisa totalmente diferente: como vou fazer para pagar o aluguel esse mês? As vagas estão preenchidas, os cargos vagos são para o público feminino, não tenho peitos avantajados e nem uma bunda empinada, tampouco lábios carnudos. Sinto falta dos cargos concorridos à mérito de um cérebro bonito e uniforme.

domingo, 5 de junho de 2011

Deus é baixinho.

Não sei do Deus de vocês, mas o meu é de estatura pequena. E eu gosto dele assim. Pouco implicante, sempre de bom humor, sorriso largo, dentes brancos e poucos pêlos no corpo. A minha relação com Deus é assim, diferente. Eu geralmente encontro ele nos bares, em algum restaurante japonês, nunca nas Igrejas, não sei bem porquê. Meu Deus não gosta de instituições, e nem de lugares barulhentos ou silenciosos demais. Compramos uma estante esses dias para colocarmos nossos livros favoritos, os cds, essas coisas que todo mundo insiste em guardar em casa. E vamos vivendo bem. Vezenquando, remexemos as coisas velhas e brigamos. O passado sempre insiste em nos perseguir, mas é assim mesmo, não é? Acontece nas melhores famílias, me disseram. Aliás, ontem não foi ele quem fez o jantar. Fui eu. De novo. Mas não ligo, eu tenho que serví-lo, correto? Meu Deus não come arroz e feijão, nem senta na beira da calçada com um violão nos braços, tampouco curte MPB. Meu Deus é estranho, eu sei. Mas qual não é?

Não sei o que é pior,

se é ser mal atendido em uma loja de equipamentos eletrônicos, ou não achar o presente certo de aniversário. Se é acordar de mau humor, justo no dia que você precisa sorrir ao fim de uma palestra, ou se é deixar de comer por birra e passar fome nas próximas quatro horas de trabalho. Não sei o que é pior, se é acordar com a mãe espancada no quarto ao lado, ou se é deixar de dormir para vigiar a si mesmo, antes que algum marginnal se aproxime e leve seu trocadinho do dia. É melhor continuar acreditando em coisas que provavelmente já morreram, ou será que é melhor desacreditar e se jogar do sétimo andar? Uma coisa é certa: já não se fazem mais sentimentos como os da década de 60.

sábado, 4 de junho de 2011

Ensino médio.

Todo ano acontecia um evento na escola, que chamávamos de competição cultural. As turmas interessadas se inscreviam, e essa competição consistia em testar as habilidades dos alunos em dois aspectos. Conhecimentos gerais sobre os assuntos aprendidos na sala de aula e uma apresentação cultural que poderia ser mostrado em forma de dança, teatro, pintura, canto, e derivados. Além disso, era analisado pelos jurados a animação das equipes, organização e educação. Minha turma estava inscrita, e eu me lembro como se fosse hoje, quando me deixaram a frente da apresentação cultural. Na dúvida se dançava ou elaborava uma peça de teatro, resolvi que seriam feito ambos. As falas dos personagens interligadas com a história da música, e tudo se encaixava perfeitamente. Aparentemente, os integrantes haviam adorado a idéia, mas maioria não quis participar. Outras idéias surgiram, mas não achei que fossem melhores que as já apresentadas por mim. Não que eu quisesse ser o cara das melhores idéias, mas... achei que devíamos apresentar algo inovador e menos clichê. E isso acabou se chocando com a concepção da maioria, que preferia algo do cotidiano e totalmente usual. Dois dias depois, sem aviso prévio, mataram minhas idéias, e ainda tiveram a cara de pau de perguntar:

"Podemos usar seu equipamento de som para os nossos ensaios?"

Como assim? Primeiro matam minha música teatral, e depois querem usufruir dos meus objetos como se nada tivesse acontecido? Não, não. O que seria melhor, apresentar uma música de ritmo passado, ou algo que ninguém ainda tinha ouvido e arriscar no tudo ou nada? Ironicamente, estes alunos iriam trabalhar em uma área que requeria um certo dom artístico e capacidade de prever o futuro. E lá estava eu, fazendo o que não devia ser feito: me vingando. Primeiro, perdemos na organização, pois um dos alunos não vestia a cor da sua equipe e acabou deixando o grupo inteiro totalmente fora de sincronia. A idéia de apresentar algo já esperado foi um naufrágio, já que a equipe rival mostrou seu talento em um número que envolvia canto ao vivo, bailarinos e uma peça teatral como background, resultado impecável. No fim das contas, o meu grupo perdeu. A maioria se chateou, e eu não quis falar nada para não piorar as coisas, apenas deixei que refletissem, em suas mentes perturbadas pela derrota, o motivo que levou a competição a não ser acirrada. 

Enfim, com esse bloqueio de opinião, passei o resto do ano sem falar com os demais. Era como se estivesse voltado ao início das aulas, onde eu não conhecia ninguém, não estava afim de fazer amizade, e repelia qualquer um que quisesse saber alguma coisa sobre minha vida. Realmente, cheguei a conclusão de que não existe lado nenhum a não ser o meu mesmo. Vou correr sozinho, decidi. 

sábado, 28 de maio de 2011

Being

Esses dias, quis acordar e ser outra pessoa. Digamos que, o oposto daquilo que me vejo agora. Bonito, por que não? Extrovertido e sociável. Sentir como é ter vários amigos, acenar para mais de duas pessoas enquanto atravesso o corredor da faculdade, não sentir vergonha de sentar sozinho em lugares movimentados por estranhos. O irônico disso tudo é que não me encaixo nessa insegurança e falta de manuseio com as pessoas, mas é assim que as coisas são e sempre foram. Eu me escondia atrás dos meus pais, quando alguém que eu não conhecia se aproximava. Hoje em dia, depois de grande, eu continuo me escondendo atrás de alguma coisa, sejam colunas ou qualquer travessia mais próxima, para que eu possa desviar o caminho sem esbarrar com alguém de aparência conhecida. Meus amigos, são da época da infância. Os que tentei fazer durante a vida, seja na época do colegial, seja na época (atual) da faculdade, esses eu sei que são temporários. Se eles não se distanciarem por conta própria, eu mesmo farei o trabalho sujo. Preguiça, eu nunca fui de correr atrás, de implorar, ou fazer coisas que não estavam ao meu alcance. Eu sei, tenho carência excessiva de atenção, mas não cobro, ou finjo que não me importo. A pior coisa seria mostrar fraqueza, necessidade. Tudo bem, é claro que você precisa desabafar de vez em quando, se abrir, deixar tudo que te corrói voar boca a fora, e há várias maneiras de fazer isso sem ter de abrir a boca. Escrevendo. Pensando bem, eu não quero ser parecido com os outros. Há tantos extrovertidos, bonitos e favorecidos de amigos, que graça teria um lugar onde não existe equilíbrio?