tag:blogger.com,1999:blog-85101921634700821322024-02-07T00:54:23.429-08:00Cartas de um pequeno poeta.Gosto do escanteio, da visão do todo. Não gosto de estar entre a massa, maioria. Fui criado assim, e sobrevivo muito bem, obrigado.Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.comBlogger141125tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-18609389926566238402014-03-11T08:48:00.001-07:002014-03-11T08:55:56.322-07:00A pessoa mais insuportável que existe.<div style="text-align: justify;">
Antigamente, eu não aceitava bem conhecer pouca gente. Eu não aceitava que as pessoas que não me conheciam tivessem uma má impressão de mim, ou que as pessoas que acabavam de me conhecer tendiam a se afastar rapidamente. Eu achava, de verdade, que o problema era os outros. A gente sempre acha, né? É mais fácil botar a culpa em alguém do que em si mesmo. Do que em mim mesmo. Por um tempo eu resolvi cessar o barulho e me ver pelo lado de fora. Como se a pessoa do espelho conversasse comigo, e sempre era uma conversa agradável que fluía naturalmente. Sem forçar a barra, sem ter de oferecer algo em troca. Sem qualquer relação de autoridade. Simples, bem simples. Falar comigo mesmo é mais fácil do que eu imaginava, mas esse não é ponto da questão. Se sentir bem consigo mesmo enquanto só em um quarto é uma coisa, socializar é outra. Socializar, pra mim, é tipo cair no colo do Diabo. Comer cebola por engano. Um pedaço frito de fígado achando que é bife. Eu, me conhecendo pelo olhar de estranho, sou uma decepção. Sou um pote de feijão que alguém abre pensando que é sorvete. É sério. Eu não consigo estabelecer uma conversa por vários minutos. Pensar em um assunto. Um ambiente comigo é um ambiente carregado de silêncio, barulho de grilho, se tiver chovendo, melhor assim. É uma autocrítica verdadeira, pode acreditar. Tudo bem, talvez eu não seja a pessoa mais insuportável do mundo. Para algumas eu sou pior do que isso. Hoje eu aceito isso tranquilamente. Não tenho culpa de não sentir vontade de comentar a novela. De falar sobre futebol. Guerras. Política. Debater religião. Cota para negros nas universidades. Eu até tenho minhas opiniões fundamentadas, mas a preguiça de abrir a boca é tão grande... As pessoas também tendem a ser meio estúpidas. O fato de eu ser calado pode ter milhares de explicações, ou só uma. Vai depender da situação e, principalmente, de quem é a outra pessoa. Por exemplo: eu não gostar de conversar no trabalho, se dá porque eu não tenho motivo nenhum aparente para fazer amizades. Colega não é amigo. Local de trabalho não é barzinho. Viu? Sou complicado. Nem por isso quer dizer que eu me odeie. Muito pelo contrário. Mas, hoje, aceito perfeitamente a não reciprocidade na maioria dos casos.</div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-42252042106820937412014-02-12T08:32:00.000-08:002014-02-12T08:33:29.638-08:00Deus tá vendo.<div style="text-align: justify;">
Não parece, mas Deus tá vendo você ludibriar aquele cara que te deu bola a noite toda na balada, pra no final da mesma sair com outro só porque não queria voltar de táxi pra casa. Deus tá vendo você indo deixar seu namorado duas quadras longe do trabalho, porque teme que descubram que você não é quem os outros pensam que é. Deus tá vendo você mentindo pra sua esposa dizendo que vai pra jogar bola nos finais de semana, quando na verdade sai para brincar de futebol na cama com outra pessoa. Gol dos infiéis. Deus tá vendo você destratando a recepcionista do hotel porque ela somou errado a sua conta. Há erros que podem ser consertados, outros não. Há erros que podem ser perdoados, outros nunca serão sequer esquecidos. Deus tá vendo. Você está vendo, mas finge que não. Deixa passar despercebido, prefere mentir, omitir, não é com você, é coisa da cabeça dos outros. Deus tá vendo você enganar a Dona Rosa da padaria, só para ganhar alguns centavos de desconto na compra do bem casado. Deus tá vendo, você tá vendo, mas, nesse caso, a Dona Rosa não, já que não enxerga direito por conta da idade. Deus tá vendo você julgar o próximo porque escolheu outra pessoa e não você. Parte pra outra! Não insiste em um plano que já acabou antes mesmo de começar. Infantil, imaturo, não sabe arriscar. Não arriscar também é correr riscos. Deus tá vendo você cortar laços com alguém só porque queria levar ela pra cama, mas ela respondeu que seria melhor vocês continuarem sendo apenas bons amigos. Deus tá vendo, o Diabo também. Deus perdoa, o Diabo cobra. Quem planta merda não colhe flores.</div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-28365160187706172022013-03-06T07:48:00.002-08:002013-03-06T07:49:28.128-08:00você, de novo, igual aos outros.<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu:</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Um nó. Um nó na garganta. Um nó que não desata. Sem ponta solta. Cochichos ao pé do ouvido. Minhas mãos atadas na cadeira. Uma fita adesiva enclausurando a minha voz que ia e retornava pro seu lugar de origem. Nenhuma lágrima. A dor nos pulsos, nas pálpebras. A pele esverdeada. Meus pés tocando aquele chão lamacento. Você do lado de fora. Talvez me observando enquanto agonizo. Rindo. Atento. Com uma das mãos na maçaneta. Pensando se deve entrar ou se deve voltar, se é melhor mesmo me deixar ali até que anoiteça, amanheça, e depois anoiteça várias e várias vezes. Você feito uma besta, indeciso como sempre. Tal quais os filmes de sobrevivência, esse era o momento onde eu encontrava um estilete no bolso da calça e corria até a porta de saída. Não há nada. É igual das outras vezes. Só muda a cor dos olhos e o tamanho do sapato. De novo. Mais uma vez. Apostando sem dinheiro algum na carteira. Apostando tudo que eu tenho, mas eu não tenho mais nada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Você:</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Não sei. Não sei o que faço contigo. Se te levo pra jantar ou se só ejaculo esperma no teu peito e sigo com a minha vida. Não sei se te peço em casamento ou que arrume suas coisas e vá embora. Não sei se te alimento ou se o deixo morrer a míngua. Quando tua língua encosta na minha, eu consigo enxergar a ponta de uma certeza. Minúscula, mas uma certeza. Juro que tento não me lembrar dos que já vieram a “óbito”. Tento parecer novinho em folha, mas eu não sou mais quem eu era há dois anos. Não sou nem quem eu era há dois minutos. Tentei de todas as maneiras fazer você entender que eu era uma armadilha. Que eu ia abocanhar a tua perna e fazê-lo sangrar até a morte. Morte, sem aspas. Mas você é teimoso. Você quis colocar sua mão no fogo por um estranho de cabelos pretos e boca incrivelmente macia. Sou como todos os outros. Comum. Feito de pele, osso e um coração inativo, desabilitado por obrigação. Ligo a chave do carro e dou a partida: tenho certeza que você vai se safar dessa também.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
</span>Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-22709883476351912202013-02-28T04:27:00.000-08:002013-02-28T04:30:48.466-08:00peito emperrado.<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Enxugo com a mão direita o suor que escorre do rosto. Um calor terrível. Abro a porta do banheiro com uma cotovelada enfurecida, escovo os dentes e volto a deitar. As paredes e os móveis estão quentes, mas meu coração permanece frio. Eu avisei que essa seria a última vez que alguém entraria por aquela porta. Não minto quando olho pra vocês e digo que sinto muitíssimo, muitíssimo mesmo, repito baixinho. Vocês estão morrendo aos poucos, e eu nada posso fazer se não assisti-las partirem pouco a pouco, grão a grão. Tudo o que vocês queriam era a cortina aberta e um pouco de água. Não sei quando vou me levantar de vez dessa cama para abrir as janelas, ligar o ventilador, lavar a louça suja acumulada de três semanas, poeira por todos os cantos, choro por todos os lados. Eu não quero saber das notícias de fora, eu só quero que alguém me diga que isso está perto do fim. Se alguém estivesse por aqui agora, olharia estarrecido e permaneceria com os olhos pregados no chão. Ninguém tem nada a dizer. Ninguém pode prometer mais nada. Não há espaço nesse apartamento para mais ninguém. A idéia de trazê-las pra cá não foi minha. Eu o fiz prometer que seria ele quem cuidaria de vocês, não eu. Era um passo importante, e eu fui bem claro quando disse que não haveria volta, e que se ele quisesse, poderia largar vocês lá mesmo e desistir dessa estupidez. “Não vou voltar atrás”, lembro como se fosse hoje. Era uma voz tão cheia de verdade e certeza, que eu cheguei a pensar que morreríamos um ao lado do outro de mãos dadas. Bobagem, romantismo barato. Talvez alguém tenha morrido, mas não da forma como era prevista. Não dou atenção à outra voz que não seja a que ecoa na minha cabeça. O telefone permanece tocando, tocando, até cair na caixa postal, mas ninguém tem um recado otimista pra me dar. Contas vencidas, aluguel atrasado. Se vocês querem mesmo saber, estamos na mesma situação. Hoje acordei sem vontade de tomar café. E mesmo que tivesse vontade, não teria café em lugar nenhum desse apartamento. Era ele quem coava todas as manhãs, não eu. Droga, o que eu poderia ter feito? Ameaçado me jogar da janela? Bloqueado a saída com o meu próprio corpo? Ter apontado uma faca afiada contra o meu peito? Ou contra o dele? Não. Foi sempre uma escolha. Escolher estar presente em todos os encontros, escolher ir à feirinha naquele sábado para comprar vocês, morar aqui comigo. Nada foi forçado, pelo menos, não da minha parte. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E eu só posso falar do meu lado, já que ele saiu sem dizer nada mais que um simples: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vou indo porque mudei de opinião</i>. Em relação a que? Em relação a quem? Então, esse tempo todinho, tudo isso, era só uma opinião? Formada a partir de que? Das minhas bochechas, do meu cabelo preto, dos calos das minhas mãos? É sempre assim, acontece do nada, quando você menos espera. É como estar em meio a um mar de pessoas e, de repente, uma explosão, alguém se suicida e leva várias outras à força, sem pedir permissão. E eu me sinto assim, como se estivesse pisando nos meus próprios dentes. Mais culpa minha do que dele. Mais erros dele do que meus. Reviro as estantes, por detrás do fogão, entre os panos de prato, na penteadeira, embaixo do sofá, nas gavetas, no forro, nas prateleiras, nas cartas amareladas. Nenhuma gota d’água que seja. O peito emperrado: ninguém consegue entrar, e eu não consigo mais sair. Quem diria que essas plantas durariam mais que você? </div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-21291105202165226502013-02-26T05:47:00.002-08:002013-02-26T05:56:43.448-08:00Tão distante.<div style="text-align: justify;">
Eu estava lá. Acordando. Tomei café da manhã. Oito horas de trabalho, três horas de aula e uma de academia me aguardavam. No fim do dia, dormia. E foi assim durante alguns dias. Até que você cruzou o meu caminho. Não deu pra não notar o seu sorriso, seus olhos, o contorno da sua boca, a sua voz. No dia seguinte, alguma coisa estava diferente. A rotina era a mesma, mas parecia que eu tinha algo mais a fazer. É, agora, eu pensava em você. Modelava as cenas na minha cabeça. A gente se encontrando depois de meses trocando mensagens, conversas e sorrisos. Confidências, rotinas e aborrecimentos. Promessas, muitas promessas. E eu quero tanto te ver. Eu quero tanto poder de te dizer pessoalmente o que só é possível ser feito por uma mensagem, ou por um texto como esse que escrevo agora. Eu sei, parece algo meio superficial. Me sinto ruim por estar - de certa forma - com as mãos atadas. Fico na torcida pra você acreditar em tudo que eu digo, mesmo que eu não possa fazer isso olhando nos seus olhos. Mesmo que depois de dizer que gosto de você, eu não posso te beijar em seguida. Você teria certeza absoluta do que eu sinto, se eu pudesse falar tudo que eu quero segurando sua mão. Você comprovaria o meu vício por filmes, livros e seriados. Me assistiria devorar uma tigela enorme de açaí. Me veria acordar de mau humor, falaria para eu deixar de ser enjoado e ir pra cozinha tomar café. Você iria ver meu mau humor se dissipar a cada torrada engolida com um gole de café. "Era fome", eu digo, enquanto passo a minha mão nos seus cabelos. Pergunto se você dormiu bem, e você balança a cabeça com a boca cheia. "Hunrum", você responde. Nossa, eu quero tanto poder te abraçar bem forte. Assistir um filme contigo. Passar um dia inteiro com você sem fazer absolutamente nada. Deitarmos na cama, fecharmos a cortina para que o sol não atrapalhe, e matar a saudade. Eu quero poder estar ao seu lado quando receber uma notícia ruim. Te oferecer um conselho, um carinho, um colo, um abraço, um beijo, meu silêncio, uma bebida quente. "Eu nunca vou sair de perto de ti", eu digo. E eu não iria sair mesmo. Seria teu porto seguro, a primeira opção da agenda do seu celular, seu número de emergência, a única pessoa que saberia como lidar com você em casos onde ninguém conseguiria te ajudar sem atrapalhar mais ainda. Cresceríamos juntos, apoiando um ao outro, eu te daria força para arriscar aquele emprego que você tanto gostaria que fosse seu, e você faria o mesmo por mim. E então, nós nos daríamos conta de que já passou um ano. "Passou tão rápido", você diz. Fotos, histórias, almoços, jantares, dialogos interminaveis, silêncios necessários, brigas sem a preocupação de que pudêssemos magoar um ao outro. Jamais diria algo que pudesse te ferir. A intenção é justamente fazer o contrário: te proteger. Colocar você nas costas quando não puder andar. Te surpreender quando você menos esperar. "Hoje é algum dia importante?", você me pergunta. "Não, seu bobo. Só queria que você soubesse que eu te amo." E daí, você fica desconcertado. Toda vez que eu penso em você, deixo escapar um sorrisinho de felicidade. Será? Será que depois de tantos erros, eu finalmente darei um passo certo? É, as histórias que vivi não foram um retrocesso, foram um avanço. Cada queda, amores não correspondidos, e era esse o prêmio caso eu não desistisse: você. Se eu soubesse, mas a gente nunca sabe. E mesmo que soubesse que todo esse caminho complicado me levaria até você, eu passaria por ele de novo, quantas vezes fossem necessárias. É complicado, eu sei. A distância é como um soco na boca do estômago. É tão mais fácil quando não precisamos pegar um avião, basta ir até a esquina, pegar um táxi. Ali, ao alcance das mãos, sem precisar desembolsar uma valor extra que, às vezes, nem possuímos. Não posso te pedir que me espere, ou que não toque sua vida pra frente. A ideia de ficar só, é uma opção minha, e não tem exatamente a ver com você. Já era o que eu queria, antes mesmo de você cruzar meu caminho. Mesmo assim, mesmo com toda essa incerteza, nada do que eu digo é da boca pra fora. Nada do que eu digo é conversa fiada. A distância não agrava o que eu sinto, não me dá a oportunidade de dizer qualquer coisa irresponsável, ou sem ser medida. Eu espero, de verdade, que a rua cuja qual eu me encontro agora, possa um dia cruzar com a tua. A verdade é que eu gosto mesmo de você e ponto final.</div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-33878518611649282972013-02-20T05:58:00.000-08:002013-02-20T05:58:37.796-08:00Valores de merda.<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-language: PT-BR;">Eu observo algumas pessoas e tento imaginar de onde vem aquela felicidade. Rapaz, o mundo está uma merda. Você está na merda. A saúde do Brasil está na merda. Daí eu resolvo sair numa dessas noites de sábado, e a festa acaba às três da manhã, quando não, a bebida esquenta lá pela meia noite. Não há gente interessante, música boa, nem botecos abertos até o amanhecer do dia. Só aquela gente pulando de braços abertos, querendo foder e amar, tudo numa noite só, buscando saciar os prazeres da carne e um amor pra vida toda. Meninas de saia longa sem calcinha, prontas pro que der e vier, e as ditas “vulgares” viciadas <st1:personname productid="em poesia. Caras" w:st="on">em poesia. Caras</st1:personname> mostrando o que não são, dirigindo um dinheiro que eles não tem, sorrindo uma alegria que sequer existe. Um cara cutuca meu braço e me chama até o canto. “Ali nós podemos conversar melhor”, ele diz. Quer sair comigo, mas não quer que eu diga pra ninguém. “Nem meu melhor amigo?”, pergunto. Ninguém. Ele é irredutível. Depois mostra a aliança gritando no dedo. Pensei em perguntar se a mulher dele sabia, mas depois desisti. Claro que não sabia. Elas nunca sabem. Geralmente estão em uma reunião, vão chegar atrasados, “não me espere acordada querida, tenho um relatório para fazer e não posso deixar para amanhã de manhã”. Depois ele chega de madrugada, dá um beijo no seu rosto, e ela é incapaz de desconfiar de qualquer coisa. Quando não, aproveitam enquanto a mulher está trabalhando, e levam os amantes para a mesma cama onde ela se joga quando chega do expediente e abre as pernas pra ele. Será? Talvez não. Talvez o casamento seja frio, sei lá. Cada caso é um caso. Não há vergonha ou ressentimento por parte deles. É normal. Trair o outro, e mais, trair a si mesmo é completamente natural. E não é? O ser humano passa por cima dos próprios valores quando quer alguém ou alguma coisa. Como eu disse lá em cima: não há gente interessante. Não há gente sincera. A verdade é mutável, não se sustenta mais nas próprias pernas por mais de um minuto. Tudo é dito da boca pra fora. As pessoas fedem. Resolveram se tornar o pós-carnaval. As ruas sujas, mijadas, cheias de lixo espalhados pelo chão. Namorar é complexo demais, não é compreensível. O ser humano ficou mais inteligente e, também, mais estúpido. Ficar parece ser um caminho mais fácil. Atende as necessidades que o corpo exige, mas sem se meter em uma confusão. Sim, amar virou sinônimo de confusão, dor de cabeça. Cálculos sem resultado algum, um verdadeiro quebra-cabeça com peças faltando. Não somos mais o que éramos há alguns anos atrás, e nem defendemos o que defendiam as nossas bisavós. A borda que envolve as pessoas é feita de material reciclável para não agredir a natureza. E o recheio? Que recheio? </span></div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-58904781823724187412013-02-12T11:25:00.000-08:002013-02-15T21:19:53.216-08:00Acerto de contas.<div style="text-align: justify;">
- Você pode me dizer o que veio fazer aqui a uma hora dessas, Ana?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Não me importo com as horas. Eu não poderia deixar isso pra depois.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Deixar o quê? Do que você está falando?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Isso.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ana tira do bolso um anel e o joga no chão. A pequena pedrinha de diamante se espatifa em vários pedacinhos miúdos. </div>
<div style="text-align: justify;">
- Por que a cara de surpresa, Caio? Não sabia que eu ainda tinha o anel que você me deu quando me pediu em namoro? Ainda tinha. E ainda lembro. Lembro de tudo o que você me disse. Eu lembro que naquele dia nós jantamos em um restaurante bacana. Eu pedi uma sobremesa de chocolate, e você uma de baunilha. Você segurou a minha mão durante o jantar inteiro, e falou todas essas merdas que alguém diz quando acha que está gostando de alguém. Claro, na época você disse que tinha certeza do que estava falando. Hoje nós sabemos que não, que não passava de ladainha. Dava pra ver sinceridade nos seus olhos. Como que você consegue fazer isso? Como que você consegue não se entregar nas expressões? Você fingiu tão bem. E eu, estúpida, mesmo depois de ter levados inúmeros chutes no traseiro, acreditei em cada palavra que saiu da sua boca.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Ana, isso é desnecessário, nós tínhamos terminado numa boa.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Sim, mas foi escolha minha. Eu que disse que não queria brigar. Eu que disse que não queria que nós nos afastássemos. E você acatou. Disse que queria a mesma coisa. Que mesmo após o término, iria continuar me ligando. Prometeu que manteríamos contato. Filho da puta! Você nunca mais me ligou, Caio. </div>
<div style="text-align: justify;">
- Nós nos vimos um dia desses, não te lembras?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Sim, claro. Cinco minutos depois você saiu correndo dizendo que tinha um compromisso. Não parecia sentir a minha falta tanto quanto eu sentia a sua. Mas uma coisa que você disse, de todas aquelas porcarias, era verdade.</div>
<div style="text-align: justify;">
- O quê?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Um dos dois sempre ama mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Ana...</div>
<div style="text-align: justify;">
- Você é um idiota. Esquece o que eu disse da última vez. Eu não quero terminar numa boa. Eu não quero que a gente fique bem. Eu quero que você finja que nunca me conheceu. Se, por acaso, nos encontrarmos por aí, você faça o favor de não olhar pra mim, e muito menos falar comigo. Eu apagaria todos os momentos bons que tivemos... se eu pudesse. Eles nunca vão ser superiores aos ruins que você me fez passar logo depois. </div>
<div style="text-align: justify;">
- Tudo bem, Ana.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Babaca!</div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-82892958398127105692013-02-07T12:42:00.005-08:002013-02-07T12:44:37.932-08:00O cara da filmoteca.<div style="text-align: justify;">
Acordei com uma terrível dor de cabeça. Não sei se era resultado de uma noite mal dormida ou de algum sonho do qual eu não conseguia me lembrar. Poderia muito bem ter batido a cabeça em uma pedra, e depois acordado com o som do despertador. Ainda estava passando por aquela fase difícil pós fim de relacionamento, e eu me arrastava pela casa me sentindo um merda. Pensando no que havia feito de errado, se teria volta, como que eu iria viver dali pra frente. Pensei em parar de comer, em morrer, e depois, tomava um banho demorado e afugentava todos aqueles pensamentos imundos da minha cabeça. Eu sei porra, é exagero. Mas quando eu sofro por alguma coisa, eu sempre enfio a faca um pouco mais afundo, talvez por gostar - inconsciente - de sentir dor. Ou talvez seja só exagero mesmo, sei lá. Só sei que o tempo não cura nada, e mesmo que eu me entupisse de remédios, o meu corpo não iria parar de doer. Eu só comecei a reagir quando resolvi deixar pra lá. Como um objeto que a gente consegue esconder muito bem, e quando vai procurar não encontra mais. Foi isso que eu tentei fazer, sabe? E deu certo, eu acho. Foi pensando em me distrair, que resolvi ir na filmoteca assistir um filme gratuito. Nacional. Paraísos Artificiais. E, bem... seria uma sessão comum, se não surgisse uma pessoa inconveniente e tornasse aquela sessão tranquila em um show de horror. Eu estava sentado na terceira fileira, quando alguém passou em pé na minha frente, e sentou na segunda fileira, uma cadeira para o meu lado direito. Mesmo concentrado no filme, dava de notar que o babaca em questão se virava constantemente para dar uma checada em mim. Comecei a me sentir incomodado, como se estivesse com um ponto vermelho pintado na minha testa: um movimento em falso e fim de papo. Dos encontros casuais que já imaginei em uma sessão de cinema, aquela passava bem longe da que eu tinha idealizado como perfeita. Ele não era bonito, o que não é uma surpresa. A casca era tão desagradável quanto o interior aparentava ser. Ele era um pedaço de merda. Tive vontade de desviar meu olhar do filme, encará-lo, e dizer: se você não virar essa sua cara imunda para frente, eu te encho de porrada aqui mesmo. Se um viado apanha de outro não seria homofobia, seria? Foda-se! Não o fiz. Não retirei meus olhos do filme. Não conseguia sequer me mexer. Alguns minutos depois, ele saiu. Voltou. Saiu de novo. E entre esse sai e volta, eu só conseguia atingir o ápice da agonia e do relaxamento, um depois do outro. Terrível. Na terceira vez, ele fez pior: sentou do meu lado. Agora eu sentia nojo. Nojo de mim, por ter a mesma orientação sexual que aquele demente. Eu nunca conseguiria abordar alguém daquela forma. Ele resolveu piorar ainda mais as coisas, e abriu a maldita boca.</div>
<br />
- Qual seu nome? - ele disse, com uma voz afetada.<br />
- João. - respondi, mas não retirei meus olhos do filme.<br />
- Qual a sua idade?<br />
- 22.<br />
- Onde você mora?<br />
- Bosque. - Menti.<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Parecia um questionário, e eu respondia tudo. Eu sei, parece uma cena comum entre duas pessoas conversando durante um filme. Não sei explicar da onde surgiu o medo. Não sei explicar o motivo de ter ficado ali tanto tempo, imóvel. Eu queria sair, e ao mesmo tempo eu queria esmurrar a cara dele. Nunca mais faça isso, enquanto chutava o corpo dele caído no chão da sala. Sim, eu estava com raiva. Tinha acabado de terminar um relacionamento, precisava chorar, precisava de um abraço, precisava tomar um café bem quente enquanto alguém me contava alguma história boba. Justo naquele dia, justo no dia de espairecer a cabeça. Me preparava para sair, quando...</div>
<br />
- Você curte?<br />
- Tenho namorado. - Não tinha mais.<br />
- Eu não ligo.<br />
Mais raiva.<br />
- Mas eu sim.<br />
- Ele está aqui na biblioteca?<br />
- Não. Mas isso não importa.<br />
<br />
[...]<br />
<br />
- Você tem cara de quem tem o pau grande. - disse ele, e colocou a mão na minha perna.<br />
- É só a cara mesmo. Tenho pau pequeno. - respondi, e dei um tapa na mão dele.<br />
- Deixa eu pegar.<br />
- Não. Posso ver o filme?<br />
<br />
[...]<br />
<br />
- Aposto que você está de pau duro.<br />
A pretensão do viado era das grandes, não?<br />
- Não, não está. - E de fato, não estava.<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Poderia ter me poupado dessa conversa, desse lixo, mas eu só saí depois desse último diálogo. Correndo pela biblioteca como se tivesse prestes a ser assassinado. Essa noite foi só um jeito gentil da vida me lembrar, que não haveria descarga suficiente para tanta merda que há no mundo.</div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-39876996057282198212013-02-02T09:02:00.001-08:002013-02-02T09:05:32.969-08:00O equilibrista e a corda que não sabia de porra nenhuma.<div style="text-align: justify;">
Não, eu não havia cercado ele no beco e dado três tiros na cabeça. Eu não teria coragem de enfiar sua cabeça na banheira e contar até cem, ou jogá-lo na rua quando um carro estivesse vindo em alta velocidade. Não sou dotado de tal frieza. Ainda assim, fui sensato o suficiente para mata-lo. Dentro de mim. Não sei dizer se foi o orgulho, o cansaço ou o amor próprio. O nome do assassino ainda é uma incógnita. De que importa tal informação? Nada. O que vale é o sentimento de liberdade. Sinto como se tivesse me soltado de uma pedra em alto mar, pedra que não parava de descer, descer, descer, tentando me levar de encontro ao céu. Olha que ironia, não? Meus olhos já não piscavam, e minha boca permanecia entreaberta. Do nada, sem que eu esperasse, fui puxado pelos cabelos, ou pelos braços, não me lembro bem. Senti como se meu estômago estivesse embrulhado, como se nenhum alimento conseguisse ficar tempo suficiente para me dar a energia que eu precisava para ficar de pé. Corria até o banheiro o mais rápido que podia e depois escovava os dentes duzentas vezes. Para tirar o gosto ruim da boca, o teu. Que de início não era ruim, mas depois foi ficando azedo. Peço desculpa. A culpa nunca é só da corda que bamboleia desesperada, mas também daquele que se equilibra nela. Eu achei que era eu, aquele que conseguiria ficar mais tempo. Achei que meus pés eram perfeitos para pisar ali. Não eram. Já era difícil no começo, e alguma coisa me dizia: <i>cara, você vai cair</i>. Fiz-me de surdo. <i>Vou porra nenhuma</i>, respondi. Continuei dando passos difíceis, até que percebi que o outro lado não chegava nunca. Mais uma vez, aquela coisa me dizia: <i>não há nada lá pra ti. Cara, sai dessa.</i> Nunca vou saber exatamente quem me dizia o quê, mas não é que estava certo? Não havia nada. Nadinha. Depois disso, comecei a perceber algo que ainda não havia notado: a corda. A corda bamboleava mesmo quando eu parecia em perfeita sincronia. E ricocheteava mesmo sem eu tomar atitude alguma. Uma coisa estava clara, a corda não me queria ali em cima. Não sabia se girava, se balançava ou se ficava estática. Eu não podia continuar sozinho. Estávamos em dois e eu era o único que me dava por inteiro a ponto de sangrar e achar que aquilo fazia parte do processo de equilíbrio. Falava-se muito em destino, em “isso não aconteceu por acaso”, “tinha que ser assim”. Não tinha. Eu que fui teimoso achando que poderia mudar a situação com a qual eu tinha me deparado. Não podia. Quando, finalmente, me dei conta de tudo isso, eu já estava em queda livre indo de encontro com a rede. Antes de sair, ainda gritei: <b>ESPERO QUE NÃO SINTA FALTA DOS MEUS PÉS</b>. Mas ninguém ouviu. E então, alguns dias depois, passei a não correr mais em disparada até o banheiro. Já não existia gosto algum na boca a ser alterado. Eu estava novo. Novinho em folha.</div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-51581327916847998292013-01-18T05:21:00.001-08:002013-01-18T05:21:29.910-08:00Cubo de gelo.<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Eu sei, eu consigo ver nos seus olhos, Ana. Já disse que não precisa se preocupar. Minha mãe me deu um dos seus vários recados, e eu posso te assegurar que eu estou bem. Não, eu estou ótimo. E não é um daqueles "ótimo", como quando você mente para não ter que alongar uma conversa sem futuro nenhum. Eu realmente estou me sentindo assim. Eu tenho deixado mais de lado minha parte sentimental, aquela que costuma gritar por um abraço no meio da madrugada, ou que pede café-da-manhã na cama. Tenho ocupado meu tempo assistindo filmes, lendo meus livros, bebendo café, escrevendo bobagens, e dormindo, dormindo bastante. Às vezes, coloco meu tênis e saio correndo pelas ruas, mesmo quando está chovendo. Você sabe que correr me deixa mais calmo, menos ansioso, menos triste. É como se eu transpirasse todas as minhas angústias. Ultimamente, não tenho pensado em muita coisa, com exceção da minha vida profissional. Eu tenho ligado cada vez menos para o que as outras pessoas pensam, porque eu sei exatamente o que elas estão pensando, e apesar de elas não estarem nem um pouco próximas da verdade, eu deixo com que elas se divirtam? Brincar de Deus parece confortá-las. Se nem eu sei direito quem sou, imagine um bando de hipócritas. Ah, sabe quem veio me dar lição de moral esses dias? O César. Sim, aquele que trai a esposa e ainda leva a amante para jantar na casa deles, apresentando ela como uma "amiga do trabalho que está passando por problemas no casamento". Não aguento, Ana. Toda vez que eu vou na casa deles, eu tenho vontade de vomitar. Eu sou amigo dos dois, então, acredito que não me cabe a responsabilidade de contar o que eu sei, ou melhor, de falar o que eu vi. É por conta disso que eu acabo preferindo ficar só. Se isolar parece a coisa mais sensata a fazer. É como se não restassem mais pessoas de confiança. Dos dez que abriram a boca para falar sobre sinceridade, nove deles queimaram a língua. O outro foi sincero demais e estragou tudo. O perigo do isolamento é eu acabar resfriando por dentro. Tenho dado um jeito nisso assistindo alguns filmes de drama. Acredito que enquanto eles me fizerem chorar, eu ainda poderei ser definido como um ser humano dotado de algum tipo de sentimento. Lá fora não, lá fora eu já não posso afirmar isso com tanta convicção. Sabe, acho que não vou mais confiar em ninguém. Por que eu tenho que ser o único a ser verdadeiro? Ninguém tem o direito de chegar em você e dizer um bocado de coisa bonita, e depois voltar atrás com um: "esquece, eu estava brincando". Ninguém sabe o que você está passando naquele momento, o quanto poderia estar sofrendo, ou o que passou nos anos anteriores. Ninguém sabe de toda a história do começo ao fim para se achar no direito de se aproximar dessa forma. As pessoas são cruéis, Ana, mesmo quando não querem ser. Mesmo quando acham que não estão sendo. Onde foi parar aquela sensibilidade, aquele cuidado com as palavras? As pessoas não pensam mais antes de falar aquilo que estão sentindo. Parece mais fácil ligar no dia seguinte e enfiar a culpa na bebida, ou na carência, ou em ambas. Ana, você é a única que presta no meio desse lixo humanitário. </span></div>
<br />
Ps: Diga a Bárbara que não se preocupe, e que me envie uma carta. Infelizmente, depois de arrumar o apartamento, acabei perdendo o seu endereço novo.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
Com amor, </div>
<div style="text-align: right;">
Caio.</div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-22399273191223781912013-01-17T08:06:00.002-08:002013-01-18T04:34:13.305-08:00Caio de vidro.<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Eu tenho medo, Bárbara. Medo de
que essas coisas façam com que ele mude, ou que ele deixe morrer aquele lado doce
e esqueça como se coça com o polegar o queixo quando se sente inquieto com
alguma coisa. A gente deveria ficar de olho nele, só por precaução. Se ele
sumir, temos de dar um jeito de encontrá-lo o mais depressa possível. Se alguém
se aproximar, teremos de interrogar. Quando ele aparecer de novo e sorrir de forma
explosiva, sugiro que nos preocupemos com seu coração, pois provavelmente ele
terá encontrado um “novo amor”. E a gente sabe o que acontece no fim desses
amores, não sabemos? Bárbara, prometa que vai me ligar a qualquer hora caso saiba
de alguma coisa que eu desconheça. Ontem mesmo estive conversando com ele, e do
nada, sem pausas ou vírgulas, ele desembestou a falar de um relacionamento de
cinco anos atrás. Lamentou profundamente que tivesse acabado, que nenhuma das
pessoas que ele conhecera depois, chegaram aos pés daquele que deveria ter sido
o cara certo. E eu compreendi, de certa forma. Mas em seguida, disse para ele
parar de pensar nisso. Depois, ele veio com aqueles assuntos tristes, sabe?
Pessoas que não fizeram bem para ele, atitudes que ele tomou e se arrependeu
amargamente, e tudo mais, assuntos que você e eu já conhecemos muito bem.
Depois de uma longa conversa – ou melhor, um monólogo dele – parecia que a sua
alegria estava sendo restaurada aos poucos. Mesmo assim, é melhor que fiquemos
alertas. Caio sempre foi uma pessoa amável, mas altamente sensível. E é o
medo dessa sensibilidade ser abatida que me aflige todo santo dia. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: inherit;">Com carinho,</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: inherit;">Ana.</span></div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-79545527952055662752013-01-14T04:36:00.002-08:002013-01-14T04:36:20.452-08:00Runaway.<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> Era
fim de tarde quando entrei naquele trem. Fugia de frustrações, mazelas e
encostos. Queria sair o mais rápido dali. Encostei minha cabeça contra o vidro,
e o trem começou a percorrer os trilhos lentamente. Lá fora, algumas pessoas
abanavam lenços brancos no ar. Não deveria ser esse o motivo exato, mas entendi
que lá no fundo elas desejavam paz para aqueles que estavam embarcando naquele
dia. Paz era tudo que eu queria, sabe Deus onde aquele trem me levaria. “Para
qualquer lugar“, disse ao rapaz que me vendeu o bilhete. Eu sei, eu estava
deixando amigos maravilhosos, uma família que não compreendia os meus sonhos,
mas que ainda assim era só minha, e todos aqueles cacarecos que eu colecionei
nesses quase vinte e três anos de vida. Mas era demais. A cada dia que passava,
eu sentia a cidade apertar o meu peito com a mesma força que alguém bate furiosamente
na cabeça de um prego indefeso. As pessoas, sobretudo, não entediam o que eu
queria dizer nas minhas cartas. Elas comentavam pelas costas que eu era um
depressivo insuportável, e que meu único desejo era de que sentissem pena de
mim suficiente para me amarem por compensação. Os amigos, por mais maravilhosos
que fossem, também passaram a não atender mais as minhas ligações, que
aconteciam sempre nas piores horas do dia: madrugada, ou cedo da manhã. E essas
eram as horas em que eu mais precisava de uma bronca, um conselho ou um simples
silêncio. Às vezes, eu só queria desabafar e desligar o telefone, sem esperar
um contra-ataque ou sei lá o quê. Havia sido demitido por falta de interesse,
por passar as horas de trabalho olhando para o teto ou rabiscando em folhas A4,
essas que deveriam ser usadas para imprimir documentos importantes, que sem
seguida, seriam enviados para a diretoria financeira da empresa. Nesse dia,
arrumei minhas coisas lentamente em um caixote velho que encontrei ali na
frente do prédio, e saí sem me despedir de ninguém. Ainda consegui ouvir alguém
pedir “Ei, você pode pegar um pouco de café pra mim?”, mas eu dei de ombros e
entrei no elevador. Não por falta de coleguismo ou interesse, o cara não chegou
sequer a pronunciar o meu nome. “Ei”, minha mãe não seria tão louca assim. Por
falar em família, nesse momento eu consigo imaginar minha mãe transtornada
passando café para o meu pai, enquanto a minha irmã lê a pequena carta que eu
escrevi me despedindo de todos e desejando felicidades. Pedi que não se
preocupassem comigo, e que voltaria assim que meu coração parasse de doer um
pouco. Eu acordava chorando, sem saber se tinha sido culpa de um pesadelo ou da
realidade. Era tanta coisa acumulada, que às vezes me faltavam forças até para
ficar de pé. Sabe como é isso? Você querer estabilizar sua vida nos dois pés e
uma força maior conseguir facilmente te levar a um desmaio? Sentia socos vindos
de dentro, socos vindos de fora, puxões de cabelo e empurrões. Eram as emoções
dando um jeito de gritar comigo, ou a cidade querendo que eu tirasse umas
férias de tudo. Ninguém sabe dos detalhes, e quando digo detalhes, falo dos
diálogos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> Eu sempre resumo minhas histórias dizendo “Não deu”, e invento uma
história irreal sobre incompatibilidade. Nunca disse nada sobre “a gente não
tem química” ou “seu beijo lembra o do meu ex, por isso não vou ficar com
você”. Uma conversa pode doer mais que bater o dedinho na perna da cama. São
justamente essas conversas que me inundam, e não há choro suficiente que me faça
colocá-las para fora, sem que minutos depois, na rua, eu as veja entrando pelos
olhos novamente. Minha memória é fraca, mas meu coração não esquece. Quanto
mais distante o trem ficava da cidade, mais meus lábios começavam a ensaiar um
sorriso bobo. Pisar os pés fora dali já parecia um avanço. Ainda não sei
exatamente se era isso que eu deveria ter feito, mas pela primeira vez na vida
foi algo que eu fiz sem planejamento ou consulta com terceiros. Peguei no sono
com a cabeça encostada no vidro. Acordei em um sobressalto com alguém me
cutucando levemente e dizendo “pode descer senhor, chegamos”. Desci na estação
e nenhum dos rostos me parecia familiar, embora eu tivesse jurado que havia
visto minha prima Cristina vendendo pastéis em uma pequena lanchonete. Meti a
mão no bolso da jaqueta para pegar a carteira, e encontrei um bilhete amassado que dizia em letras desalinhadas:
“Volta logo”. E eu voltaria... assim que estivesse pronto.</span></div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-78283848296051953162013-01-10T07:07:00.002-08:002013-01-10T07:07:31.868-08:00Confusões de Ana.<div style="text-align: justify;">
Miguel gosta de Ana. Não, Miguel ama Ana. Ana é uma pessoa com dúvidas. Ana são sabe se retrocede ou se dá uma chance pro futuro. Ana não sabe nem escolher um simples suco. Miguel quer oferecer um futuro que Ana sempre sonhou. Casa no campo, leite fresco e ar puro. Ela não acredita. É sonho? - questiona ela. É só olhar nos olhos do rapaz para saber que não, não é sonho. Mesmo assim, mesmo com todas as provas, cartas, beijos na testa e horas no telefone, ela ainda permanece com a cabeça cheia de interrogações. Ana quer dizer um bocado de coisas para Miguel. Miguel está de malas prontas para viajar e voltar sabe Deus quando. Na verdade, ele volta daqui um mês, mas a vida é tão imprevisível. Ana tem medo de dizer e se arrepender. Miguel tem medo de ouvir e acreditar. Ambos querem um na vida do outro, mas há tantos poréns que o barquinho permanece estático, sem saber se vai ou se fica. Barquinho confuso. Ana quer que Miguel fique. Miguel tem medo de ficar e depois ter preferido ir. Medo de se arrepender. Ela, de perdê-lo e depois ser tarde demais. Ele, de dar espaço e depois não haver mais moradia no coração da moça. Ele está apaixonado. Ela está confusa. Miguel sente como se ela quisesse dar um passo na sua direção, mas algo a impede. Ana sente como se ele fosse a coisa mais certa que já apareceu na sua vida, mas não consegue esquecer o passado. Se eles pudessem recomeçar do zero, tudo seria diferente. Mas aí eles seriam diferentes. Miguel não seria romântico. Ana não seria doce. Ele não saberia diferenciar amor de fantasia adolescente. Ela não saberia identificar o cara certo. Querendo ou não, ambos precisavam das bagagens adquiridas até então. Todos precisamos. Experiências ruins e boas, é disso que o ser humano é feito. Miguel queria que Ana pedisse pra ele não ir. Ana queria que ele ficasse, mas decidiu que não vai intervir. Me espera? - pergunta ele. Sim. - ela responde. Mas Ana é tão confusa.</div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-64966641072647317332013-01-06T08:59:00.002-08:002013-01-06T09:04:08.179-08:00[...]<div style="text-align: justify;">
Juro que dessa vez eu achei que seria diferente. Você, você era diferente de tudo que eu já tinha conhecido até hoje. Juro que dessa vez eu achei que eu poderia me desarmar, deixar alguém se aproximar. E eu estava deixando. Aos poucos, mas estava. Mas a gente tem certeza de tanta coisa que não é, né? A gente sempre entra em um mar achando que sabe nadar, mas nunca lembramos das ondas altas que podem vir e acabar com tudo. Assim, em questão de segundos. Afogando todas as palavras que foram ditas, e qualquer tipo de sentimento que poderia estar crescendo. Juro que dessa vez, eu achei que não haveriam ondas assim. Eu sei que lá no fundo você quer continuar, mas não sabe como. Na verdade, você não sabe quando. Se agora é a hora certa, ou se seria melhor deixar pra daqui uns dias. É tão... ruim. Não se culpe, eu sei que dói em você também. Eu sei que você gostaria que as coisas fossem diferentes. Me sinto tão impotente, insuficiente. Eu queria tanto que você ficasse. Eu queria tanto que a gente voltasse no dia vinte e sete, que o tempo parasse ali. Ou então que o tempo parasse enquanto estávamos ali abraçados no sofá, ou conversando sobre o futuro. Parecia tão certo. Olhar lá na frente e não saber mais se você vai estar lá dói tanto. A certeza saiu de lugar para entrar a dúvida. E nada machuca mais do que uma incerteza. Ao mesmo tempo eu te acho tão doce por se preocupar comigo. Eu queria tanto que você se livrasse das suas bagagens emocionais e achasse um lugar no seu coração onde eu pudesse me instalar. Nem que fosse um quartinho de pensão. Não ligo para palacetes ou banheira de hidromassagem. Você, apenas você me seria suficiente. Assim, com todos os defeitos e qualidades. Com toda a sua teimosia e confusão. Sinto como se já estivesse habituado, como se já tivesse a quem recorrer quando os trovões começassem a gritar lá fora. E agora? Levantar, tomar café, procurar continuar seguindo, desacostumar com as mensagens, as ligações, os abraços, os beijos, as promessas. Esquecer todo o futuro que havíamos criado. Recriar. Recomeçar. E deixar que a dor se dissipe. É, agora eu sei porque chove tanto.</div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-90486449962477057722012-12-11T07:08:00.000-08:002012-12-11T07:18:00.176-08:00A última consulta.Não, infelizmente não dá para voltar no tempo. Reviver romentos. Rever atitudes. Mudar o plano de curso. Infelizmente, não posso trocar as palavras duras que eu usei. Não adianta eu me arrepender. Todo o diálogo está gravado, e eu pro resto da vida terei que conviver com a história do cara que disse tudo ao contrário, que fez tudo ao contrário, que não foi fiel a si mesmo. A história do cara que foi burro e que deixou a razão ensurdecer o coração. Eu, que hoje choro assistindo programas dominicais, já me recusei a enxugar as lágrimas de alguém. Ignorei a dor alheia, fiz pouco. Eu, que hoje coleciono escritas sentimentais, já fui tão frio quanto um psicopata. Tudo isso que veio depois não será apenas uma consequência? Quanto tempo ainda tenho de reclusão até ser solto? Será que eu não tenho sido um bom rapaz? Será que eu não mereço ter a pena reduzida? Quanto tempo até esse gosto ruim de fracasso sair do céu da minha boca? Eu juro, eu tenho tentado ser mais sincero, estar mais atento. Eu tenho pensado mais nos outros do que em mim. E você sabe, eu tenho me ferido bastante por conta disso. Eu tenho rejeitado ser amado com medo de fazer o outro sofrer. Acredite, eu nunca vou fazer isso de novo. Mas eu preciso ser solto. Viver aqui dentro não dá, conviver diariamente com isso é como ter um bracelete apertando meu pulso de minuto em minuto, me lembrando diariamente daquele que eu era. Eu não sou mais assim. Eu venho mudando, a cada ano que passa, e apresentando uma melhora, como o senhor mesmo disse na nossa última conversa. Cinco anos. Doutor, eu já aprendi a lição: não se deve brincar com o sentimento alheio. Hoje, o brinquedo sou eu. Sim, foi opção minha, como o senhor bem sabe. Foi o castigo que eu me dei pra tentar me livrar de uma culpa que me dava ânsia de vômito toda noite. Só que a brincadeira ficou séria. Agora eu não consigo mais fazer outro papel. Eu não consigo mais ver um relacionamento com otimismo, sempre desisto antes de tentar. Tudo por conta do medo. Medo de fazer aquilo de novo. Sabe, eu não quero ter que assistir alguém chorar na minha frente, enquanto eu ignoro e brinco de chutar pedrinhas no chão como se não ouvisse nada. Eu não quero ter que ouvir alguém se declarar e virar a cara como se não fosse comigo, como se não estivesse só eu e ele ali, sozinhos naquele banco de praça. Cansado dessa pele de assassino que eu vesti e não consigo mais tirar. Hoje, se ele me visse hoje, se ele me conhecesse só a partir de hoje, tudo seria diferente. Ele veria que eu não sou uma pedra de gelo. Doutor, depois desses cinco anos em terapia, eu posso dizer com aboluta certeza que eu derreti. Você mesmo balançou a cabeça concordando quando eu disse isso na nossa última consulta. O problema é que ninguém consegue ver isso, inclusive eu.Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-81607571998663107042012-11-18T19:28:00.002-08:002012-11-18T19:56:32.735-08:00Todo mundo mente.<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Jurei que nunca faltaria com a verdade, mesmo que a verdade fosse
dura como pedra, mesmo que fosse daquelas de rasgar a pele, partir o coração em
dois. Desde sempre, jurei ser sincero. Mas parecia que os outros não haviam
feito esse mesmo juramento. Eu, que nunca tinha motivo para desconfiar,
confiava. Eles, que não tinham nada a perder, me cegavam. Ouvi histórias que
dariam filmes se não fossem mentiras disfarçadas. E mesmo assim, com tanta
invenção sussurrada no ouvido, eu nunca faltei com a verdade. Até que
um dia me convidaram para sair. Eu passei o meu endereço. Estava tudo certo.
Trinta minutos depois eu estava sentando na sala esperando meu celular tocar,
para que então eu abrisse a porta e descesse até o térreo para encontrá-lo. Uma
hora, uma hora e meia... Comecei a ficar impaciente. Resolvi ligar para saber
se alguma coisa havia acontecido. Caixa postal. Pensei em mandar mensagem, mas
achei melhor não. Nós iríamos a um clube noturno e sendo assim, decidi ir até
lá sozinho. Ele já havia me animado para sair e eu estava arrumado, por que
ficar em casa? Enquanto estava a caminho dentro do táxi, fiquei pensando se não
deveria voltar e ficar em casa. Afinal, o que eu estava fazendo exatamente?
Deveria ter tirado a roupa, colocado minha cabeça no travesseiro e deixar pra
lá. Certas coisas não devem ser remediadas, devem ser apenas... ignoradas. Não
ignorei. Não era mais hora de pensar em voltar. Chegando no clube, resolvi
ligar para alguns amigos e ver se tinha algum conhecido que estava por lá para
que eu não ficasse sozinho. Felizmente, havia. O ambiente estava agradável, e a
música te convidava a arriscar alguns passos na pista. Uma hora depois, entre
alguns pulos e risos sem sentido, provavelmente efeito do álcool, vi ele
chegando aparentemente sozinho. Enquanto eu passava pelas pessoas para poder
chegar até ele, alguém do fundo vinha se aproximando e agarrou a sua mão. Parei
no meio do caminho com uma garrafa na mão, sem saber se continuava, ou voltava
e fingia que não tinha visto absolutamente nada. Na minha cabeça, isso deve ter
durado uma eternidade. Respirei fundo e continuei atravessando aquele mar de
pessoas animadas. Alguns pés esmagados depois, cheguei até ele.</span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- Oi, achei que você não viria, eu disse.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Ele largou a mão do outro rapidamente e respondeu.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- Eu não confirmei pra você que eu iria mesmo sair, então...
acabou sendo de última hora.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- Ah, tudo bem.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- Você ficou chateado?<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- Claro que não. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- Meu celular estava descarregado. Você deve ter me ligado, né?
Pra saber se eu viria ou não.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- Não, nem lembrei de te ligar... De qualquer forma, eu já iria
vir pra cá mesmo com alguns amigos.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- Quer beber alguma coisa?<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- Não, eu tô bem, já estou bebendo. Bebe você. Ou então, oferece
para o rapaz que veio contigo. Enfim, </span><span style="font-family: inherit;">eu tenho que ir, até mais. </span></div>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 115%;">Aquilo havia me chateado. Não por ser ele, mas
por aquela não ter sido a primeira vez que haviam mentido descaradamente. Eu
também menti. Eu, naquela noite, tinha quebrado meu próprio juramento. Achei
que nunca seria preciso faltar com a verdade, mas me enganei. Quando é para
proteger a si mesmo de um possível sofrimento, até uma atitude falha é aceita como estratégia correta. Esse foi um daqueles momentos em que eu preferi mentir para não transparecer fraqueza. Quisera eu não dar importância, mas eu sempre me importo, fazer o que?</span></div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-82060299143109422202012-11-17T07:44:00.002-08:002012-11-17T07:45:51.377-08:00O certo também assusta.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLi7yN4irGDF9psNJeG1FcPq5rpF8pwft_aOBAfYa9Sd1PkdqEUqQQulwLQNbPlSJNj2FGZs7s2RLDltgiyFML7-DAQQufEMEYZdq8-V60MPQ5U_iQ9ylfcZyElmWiTl-vnvcfYwe5/s1600/wrongway1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLi7yN4irGDF9psNJeG1FcPq5rpF8pwft_aOBAfYa9Sd1PkdqEUqQQulwLQNbPlSJNj2FGZs7s2RLDltgiyFML7-DAQQufEMEYZdq8-V60MPQ5U_iQ9ylfcZyElmWiTl-vnvcfYwe5/s320/wrongway1.jpg" width="320" /></a></div>
<br /><span id="goog_2112786014"></span>
<div style="text-align: justify;">
Todas essas histórias que ficaram pelo caminho ainda me atormentam antes de dormir. Fico pensando no fim que poderiam ter tido caso ambas as partes tivessem continuado, lutado, sem terem desistido na primeira oportunidade. Tanta gente legal me dando bola, e eu fazendo gol contra, jogando para escanteio. Eu sempre querendo entrar onde não caibo, negligenciando as placas de "não ultrapasse" e me arrependendo, tentando voltar no passado e fazer tudo diferente. Colocando expectativas altíssimas em personagens recém-descobertos e desvalorizando as prováveis boas escolhas. Eu sei, eu deveria esquecer e achar que tudo está no seu devido lugar, que as coisas deveriam ter ocorrido dessa forma, que eu estou procurando motivos para explicações que, na verdade, são assim mesmo, sem respostas propriamente ditas. Mas não dá para deixar de imaginar como teria sido se eu tivesse insistido um pouco mais. Como seria se eu não tivesse deixado outra pessoa tentar no meu lugar. E pior, assistir a felicidade dela sem imaginar que ali, ao invés daquele cara, poderia ter sido eu. Em certas situações, eu admito que agi de forma correta, de acordo com o que a minha integridade manda. Em outras, nem tanto, desisti por medo de encontrar aquilo que tanto procurava, desisti por medo de estragar tudo. Antecipação é outro dos meus problemas. O certo também assusta. Eu sei, eu deixei algumas pessoas sem resposta. Sentei no canto da parede e abracei as pernas, quando deveria ter explanado tudo pessoalmente. Mas ninguém entenderia os meus motivos, porque não existiam motivos claramente embasados. Era só medo. E continua sendo medo. É como se eu gostasse de me machucar, e por isso, só tento arremessar argolas onde não há espaço para acertar. Como se algo que começasse errado pudesse dar certo lá na frente, só para que eu escrevesse uma história bonita, dizer que a minha vida não é feita de histórias previsíveis. Nessa de querer apostar em amores cinematográficos, eu continuo aos tropeços. Trazer essa criatividade hollywoodiana para a vida real tem seu preço e eu paguei caro por cada um deles. Enquanto que no filme, um casal se conhece no supermercado e terminam juntos quando sobem os créditos, na vida real você termina sendo o amante sem sequer saber disso. Uma coisa é certa: a vida não imita a arte.</div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-19641165132876079132012-11-14T10:44:00.000-08:002012-11-14T10:44:39.306-08:00Namoro a distância. #1<br />
<div class="MsoNormal">
A gente se falava todos os dias, se amava quase que toda
hora, Ana, minha ruína era tua calma. Deitados na minha cama de solteiro, você
não queria mais me deixar, eu não queria mais te largar. Eu te entendia como
Einstein entendeu a ciência, e eu tinha absoluta certeza que Deus tinha te
criado para ser minha. Ana, Ana, eu gritava teu nome baixinho debaixo dos
lençóis, e tua pele tão macia colada na minha, arrepiava os meus sentidos
quando me beijava a nuca. Eu nunca vou te esquecer, sabia? Deixastes a cidade
há mais de um mês, e ainda sinto teu perfume por toda a avenida, aquela que
costumávamos sentar e contar os carros que estavam prestes a capotar. Chupava
os dedos melados de sorvete de limão, e eu me dava inteiro como água pra você
saciar sua sede. Você gostava das mesmas coisas que eu. Separávamos toda a
cebola que víamos misturada ao macarrão, detestávamos carne de fígado, dias
ensolarados, domingos, e se pudéssemos nunca colocaríamos outra roupa se não
nossos pijamas surrados. Terror, romance, mas nada de tiroteio. E todo dia eu
me pergunto o que estaríamos fazendo se você não tivesse partido. Ana, o
presente agora é tão sem graça. E o futuro nunca foi tão esperado. Eu confio em
você aí longe de mim, porque como você mesma me disse uma vez: não há ninguém
como nós dois no mundo. E eu acredito nisso, e eu acredito em você, porque você,
diferente de todas as outras que já conheci, nunca mentiria. Vi no jornal que
aí chove pra caramba. Fica mais fácil não fica? Aqui não chove muito, mas eu
quase não saio, o cinema sem você me faz cochilar, é estranho não ouvir você
sussurrando no meu ouvido. Será que um dia a gente ainda vai conseguir terminar
um daqueles sacos enormes de pipoca? Meu tempo está um pouco corrido, ainda não
terminei minha monografia, por isso a carta vai acabar ficando curtinha mesmo,
assim você não cansa ao ler, né? Saudade da tua preguiça. Me escreve o mais
rápido que for possível. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Com amor, Bruno.<o:p></o:p></div>
Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-78125446668752925292012-11-11T19:15:00.000-08:002012-11-11T19:23:53.715-08:00Rompimento.Não consigo escrever nada agora. Está tudo tão recente, tão em carne viva, que simplesmente não sai nenhuma palavra que seja. De raiva, de amor, de saudade, de desespero, de dúvida. A porta recém batida. A chave ainda caída no mesmo lugar. Eu aqui no sofá, e você lá fora. Eu costumava saber por onde você andava, e agora não faço a menor ideia. Não faço a menor ideia de quem te acompanha na rua, se está só, se já jantou ou se está apenas dormindo, com a cabeça enfiada entre os travesseiros. Agora, eu não penso em nada. Não lamento, não derramo uma lágrima, mas soa como se a rotina inteira tivesse sido mudada, se os móveis não fossem mais minha cara. A cor da parede, os lençóis, a pia do banheiro. É como se não fizesse mais sentido. Uma palavra de raiva: droga. Arremesso o vaso contra a parede. Os vidros se espalham pelo chão. Como nós dois em um rompimento brusco, inesperado, da noite pro dia. Fácil, rápido, em poucos minutos. Aos poucos, o que estava embaralhado vai tomando um rumo. Eu sei que quando a saudade apertar, eu vou tentar discar o teu telefone, por isso é melhor que eu o apague antes que eu venha a memorizá-lo. Já vou providenciar a troca da fechadura, no caso de você tentar voltar. Eu avisei, se você saísse por aquela porta, eu não abriria ela novamente. E você foi, como se já viesse ensaiando essa saída há semanas. Não há dúvida de que todo rompimento dói. Não sei exatamente quando vai parar de doer, quando eu vou me acostumar com essa rotina nova. Certamente, irei demorar um pouco para reajustar meu relógio biológico. O primeiro passo é não colocar mais o despertador para tocar às sete, que era quando você precisava levantar para trabalhar dali uma hora. O segundo passo é não me importar mais em checar meu celular de minuto em minuto, para ver se alguma mensagem ou ligação havia passado despercebida. O resto, sinceramente, eu não sei. Não existe protocolo para esquecer alguém. Infelizmente, não há manual. Terceiro, quarto, quinto passo... não importa. O importante é continuar andando.Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-82767240657981947032012-11-11T00:24:00.001-08:002012-11-11T00:24:20.526-08:00A última rodada.Cava, cava, antes que seja tarde demais. Agarra na mão do primeiro que te oferecer o lugar pra sentar no ônibus. Aceite carona de estranhos, agora não vale mais conselho de mãe. São os últimos minutos, a última rodada, só restam mais duas garrafas de vodka no freezer. O fim do mundo está próximo, menos de dois meses. Troque cem por meia dúzia, se reduza. Suja tua calça branca na lama, o ano novo se aproxima. Saia de casa, de segunda à domingo. Não, a hora de ser romântico já passou, agora não dá mais tempo para comprar flores, o táxi tem pressa. Não é mais permitido escolher demais, qualquer tiro que acerte o alvo já é suficiente. Pouco importa se ele gosta de filmes, ou ela prefere a cor azul. Tira o cinto da calça e manda ver. Nomes depois. Telefones, melhor não. O tempo corre, não espera, ele está bem, não precisa esperá-lo rodar a chave e abrir o portão. Essa preocupação é desnecessária, satisfazer o desejo sexual é o que importa. Foco. Não, você não quer saber se ela se importa. Não perca tempo explicando que você não é pra vida toda, que é coisa de momento, pra ser mais exato, coisa de cinco minutos. Não precisa dizer pra ele não te cumprimentar quando se esbarrar contigo, ele vai entender, uma hora ou outra. Minta se for necessário, se for para chegar onde você quer. Nos classificados do dia seguinte, um desabafo de uma assalariada: alega seriedade durante o dia, e de noite pede pra ser chamada de puta. Quer girar a roleta mais uma vez? Não, eu definitivamente estou fora do jogo.Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-16883166290235300782012-10-31T21:20:00.000-07:002012-10-31T21:22:35.171-07:00Ação e reação.Eu sempre costumo retribuir aquilo que me é oferecido. Abraços, afagos, carinhos, beijos, ombros, apertos de mão, e todo o resto. Amor, amor nem tanto, admito: nem sempre consigo ser recíproco. É do direito dos outros não corresponder aos meus sentimentos, logo, também é um direito meu deixá-los a míngua. Nem sempre costumo ser correto, agir conforme o planejado, ser cem por cento honesto. Tanto comigo, quanto com os outros. Já olhei meu telefone tocar várias e várias vezes, e ignorar. Eu poderia ter atendido e explicado que não daríamos certo, que tinha sido apenas uma noite de carência e nada além daquilo. Por medo de ser incompreendido, chamado de confuso, preferi ouvir as chamadas e fingir que não estava em casa. Eu poderia acabar com aquilo de forma rápida, mas faltava coragem. Já disse coisas que eu não sentia, mais uma vez, por covardia, por não conseguir ser sincero o suficiente para interromper um beijo com um "é melhor você ir embora". Quando ignorei, menti, e fingi, percebi que eu havia feito exatamente aquilo que fizeram comigo no passado. Entendi o motivo das minhas ligações nunca serem atendidas, os primeiros encontros que, ao meu ver, pareciam ir exatamente da forma como eu esperava, porém, no dia seguinte, se afogavam ainda em formação. Durante a vida, ainda iremos agir como uma dessas pessoas que costumamos criticar e dizer que não é um modelo a ser seguido. Ainda estaremos do lado oposto da moeda. Cruzaremos aquela linha que juramos de pé junto, que jamais cruzaríamos. Nos colocaremos na pele do lobo, e na pele do cordeiro. Agiremos como bons rapazes, e belas vagabundas. Diremos que o amor não vale nada, e no dia seguinte, acordaremos com uma vontade de amar o primeiro que pedir licença na fila do banco. A vida é como desferir golpes em um saco de areia: um dia você bate e no outro é atingido.Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-28030529672511865492012-10-28T08:26:00.001-07:002012-10-28T08:32:48.710-07:00Quando o "nós" se tornou apenas "eu".Virando o apartamento do avesso. Limpando cuidadosamente cada pedaço. Cada cantinho da parede. Tentando tirar a mancha de vinho derrubada no nosso último jantar. Os pratos, todos enfileirados em cima do balcão. Sujos. Serviço inacabado, como eu e você. Vinha ignorando, atravessando a sala rapidamente. Sem dar tempo suficiente para lembrar. Não sei de onde veio tudo isso. A insegurança, a vontade de não continuar. Não sei se você conheceu alguém, se sabe de algo que eu não sei, ou se apenas deu o que tinha que dar. Eu vinha deixando pra lá. Sempre adiando lavar os lençóis, encaixotar as poucas coisas que você esqueceu. Pasta de dente, escova de cabelo, um par de meias e o relógio que eu te dei de presente. De repente, não havia ninguém me acordando aos beijos. Ninguém dando bronca por ter deixado, mais uma vez, a toalha molhada em cima da cama. Uma xícara, um prato, uma taça. De um dia para o outro, voltei a ser eu. O "nós" havia saído pela porta há poucos dias atrás. Decidi que não deveria mais lamentar. A única saída era que não tinha saída alguma, a não ser seguir em frente. Lavei os pratos, coloquei seus pertences em uma caixa, e essa caixa atrás de uma porta com outras coisas velhas. Coisas que não tinham mais uso, como você. Objetos que foram esquecidos. Que não servem mais para nada. Que um dia foram importantes, e hoje só estavam ali para fazer volume. Passou um mês, e eu ainda não tinha esquecido. Decidi que era hora de sair. De sair daquele apartamento, de tentar respirar qualquer coisa que não fosse saudade. A dois quarterões dali, te reconheci jantando em um restaurante que costumávamos ir. Você não estava sozinho, e muito menos, parecia estar triste. Ver que eu me importava demais, me deixou extremamente irritado.Agora eu sabia exatamente o porque de você ter ido embora. O que eu sentia por você não era mais saudade, era ódio. Como do sólido ao gasoso, eu só precisava de mais algumas horas até que a raiva se dissipasse no ar. No dia seguinte, joguei a toalha molhada na cama de propósito, e pela primeira vez depois de um ano, foi bom não ouvir alguém reclamar.Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-61961443572941714872012-10-27T01:34:00.004-07:002012-10-27T01:34:37.546-07:00Um é pouco, dois é bom. E três, é demais?Para algumas, não. Fazer sexo a três é uma das fantasias mais frequentes nos relacionamentos atuais. Acostumado com a monogamia, confesso que essa ideia chega a me assustar um pouco. Não que eu não faria, mas nunca tinha parado para pensar nessa hipótese. Além de uma mente aberta, é necessário que haja bastante cuidado quando se opta por realizar um desejo envolvendo uma terceira pessoa. Como separar o carnal do emocional? Sexo é uma coisa tão íntima, que eu não consigo acreditar que isso - futuramente - não vá afetar a relação do casal. Será que essa procura é gerada apenas por fetiche, ou existe uma falha no relacionamento que precisa ser reparada? É possível transar com alguém sem se envolver emocionalmente? Para essa última pergunta, eu sei que a maioria vai dizer que sim, inclusive eu. O problema, na minha opinião, não é matar a curiosidade, é essa curiosidade se transformar em uma tarefa rotineira. Virar necessidade. É preciso muita, muita maturidade de ambas as partes. Definir limites. Se o desejo for conjunto, não vejo nenhum problema. Mas se um dos dois não suporta nem ouvir essa ideia, o casal precisa entrar em consenso ou romper. Há dezenas de pessoas por aí que pensam como você. Não tente fazer algo que você não gosta, só para realizar uma fantasia que não é sua, só para que ele ou ela não termine com você. Ceda até onde você acha que consegue, se perceber que a corda está prestes a quebrar, solte, desista. Ultrapassar seus próprios ideais é irreversível. No final das contas, quem sai prejudicado é você.Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-85982496163465532702012-10-22T20:25:00.001-07:002012-10-22T20:25:54.800-07:00Carta de despedida.Sinto muito, mas eu só vim até aqui para dizer adeus. Eu queria, Deus sabe como eu queria, mas não dá. Eu não dirigi uma hora de carro para dizer que o problema não é você, ou que sou eu. O problema somos nós, essa é a verdade. É você, porque eu nunca vou me acostumar com o fato de que nós nunca iremos juntos ver um filme no cinema. Sou eu, porque eu nunca vou deixar de ir, mesmo que sozinho. Eu sei, a gente não precisa fazer tudo junto. Você não gosta de cinema, jantar a luz de velas e monogamia. É demais. É algo que eu não consigo fingir que não vejo. Ficar com você seria fugir, seria dizer que eu não gosto de mim como eu sou. Seria renegar minha autoria, minha maneira de escrever. Não vou mudar. Por você, nem por ninguém. Nada do que você diga vai mudar minha posição. Eu sei que você também não vai ceder. Quase oito meses... Por que agora? Não me arrependo de ter te acompanhado naqueles lugares cheios de gente, de ter virados noites em bares e ido trabalhar cansado no dia seguinte. Eu iria aonde você fosse. Você talvez não percebia, mas eu não gostava. A bebida alcoólica que você trazia na mesa e eu bebia, aquilo era renúncia. Cada gota que descia pela minha garganta. E eu renunciaria para sempre. Mas qual o sentido de continuar se só um se doa? Até hoje, você nem tentou sentar comigo no sofá depois do jantar e assistir um daqueles milhares de filmes que eu alugo todo final de semana. Fui tonto, isso não devia ter chegado tão longe, mas a gente sempre tem esperança, não tem? De que as coisas - naturalmente - acabem mudando, e quem sabe se transformando naquilo que a gente esperasse que fosse. Porque no início, eu te juro, eu cheguei a pensar por uma fração de segundos, que tu fosses a pessoa certa. Droga, eu me engano tanto com as pessoas. O mínimo que eu espero parece uma exigência absurda. Cobrar sinceridade parece insano. E eu não quero mais te atrasar, me atrasar. Lá fora, alguém busca por ti. E tu vai encontrar alguém que goste de te acompanhar nos bares todas as quintas, que goste de ir trabalhar cansado no dia seguinte. E essa pessoa vai odiar filmes, vai te acompanhar até a sacada do teu apartamento e dividir uma carteira de cigarro contigo. Lá fora. Aqui dentro não. Aqui dentro, eu, me despeço e despedaço, por que não? A vontade que eu tenho é a de rasgar essa carta e começar tudo de novo. E eu vou começar tudo de novo, mas não com você.Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8510192163470082132.post-84100834210391060952012-10-16T14:18:00.000-07:002012-10-28T18:45:22.709-07:00Não nasci para ser filho da puta.<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">O errado sou eu que adiciono sentimento em tudo. Que amo sem ser correspondido. Que dou presente sem estar namorando. Que aposto tudo que eu tenho sem o menor conhecimento de caso. Eu é que deveria mudar. Deixar de ser caseiro, trocar os filmes franceses por baladas, os relacionamentos sérios por casos de uma noite, os livros por várias carteiras de cigarro. Eu é que devo me adequar, me alinhar, d</span><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">eixar de ser atrasado. O errado sou eu que procuro doação beneficente em casa de prostituta. Que afago os cabelos, para meia hora depois ser traído, que peço sinceridade, enquanto o mundo só gosta de mentira. A língua leve, afiada, como se tivessem nascido para isso. Eu é que devo deixar de ser ingênuo, desacreditar totalmente nas pessoas, nas palavras que saem de suas bocas, nas promessas batidas, nos beijos demorados. Hoje em dia, nada consegue me soar verdadeiro. Acho sempre que há um interesse por trás de um abraço. Um fingimento nas beiradas de um “sinto sua falta”. Eu é que deveria me entregar sem esperar nada. Recusar ligações, mentir sobre o que eu sinto, engatar um relacionamento que eu sei que não vai ter futuro, e mesmo assim dar início, só para depois pedir um tempo e ver o outro lá parado sem saber o que dizer. Eu deveria amar muito nos olhos, e por dentro não sentir porra nenhuma. Dizer que vou estar ali sempre, e uma semana depois, sumir sem deixar rastro. Eu é que deveria ser filho da puta, mas acabei escolhendo o caminho errado.</span>Caio.http://www.blogger.com/profile/11997203869650926025noreply@blogger.com1