domingo, 22 de abril de 2012

Dois encontros com a mesma pessoa.

Era sábado, Ana decidiu ir para a balada. Precisava chacoalhar o corpo, a mente, alguns sentimentos mal resolvidos. Foi de carona com algumas amigas. Duas horas depois, decidiu ir embora. A boate ficava muito, muito longe da sua casa. Ficou um tempo parada na porta decidindo se ia de táxi ou ligava para um amigo. Nesse instante, um carro se aproximou, o vidro desceu e o rapaz perguntou se ela gostaria de uma carona. Ela pensou em dizer não, foi a primeira coisa que lhe veio a cabeça. A resposta mais sensata, mais madura para os seus dezessete anos. Ana entrou no carro. Marcelo, era o nome dele. Papo vai, papo vem. Ele a deixou em casa, mas antes de abrir a porta do carro para ela, pediu gentilmente seu número. Ana se recusou. Com um pouco de insistência, Marcelo saiu de lá com mais um contato adicionado na agenda. Ele nunca ligou. Ana esperou a ligação feito uma louca varrida, plantão dia e noite, feito uma mocinha apaixonada, boba mesmo, sabe? Dois anos passaram. Ana conheceu outros rapazes, casos de uma noite só, mas amar... amar mesmo, Ana nunca amou. Coitada, tadinha, diziam os que a conheciam. Há dois anos atrás, Ana era uma, dois anos depois, continuou quase a mesma coisa, com uma leve mudança no corte de cabelo, agora um pouco mais curto, quase nos ombros. Acreditava em príncipe encantado, óvnis, e Ave Maria aparecendo em torradas. Dessa vez, Ana já estava na faculdade. Enquanto aguardava a amiga chegar para irem juntas à sala, alguém vinha na sua direção. Sem os óculos, fechou um pouco os olhos para tentar enxergar melhor. Era ele, de novo. Ana o cumprimentou, normal, como se fosse um estranho, apenas alguém que ela conheceu no passado. Já ele, fez uma cara de que não havia entendido o porque de ela ter o abordado. O rosto de Ana corou. Obviamente, ele não se lembrava dela. Mesmo assim, houve uma breve conversa, alguns flertes, um convite, um "sim" e algumas horas depois eles estavam jantando juntos. Ana só podia ser muito chata, ou ele só podia ser um banana mesmo, porque mais uma vez, ele não ligou ou quis um segundo encontro. Ana mudou de curso. De Psicologia para Biologia. Estudar as plantas, os animais, devia ser mais fácil que estudar a cabeça dos seres humanos. Ana não queria encontrar mais sapos. Chegou em casa, pegou a torrada de Ave Maria e rezou.

Um comentário:

  1. "Acontece. Pessoas que nos encontram, mexem com a gente, pedem o telefone e não ligam. Tenho algumas pessoas que passaram por mim e fizeram exatamente isso. Você parece as vezes estar narrando as minhas histórias inexplicáveis."

    Bjs querido
    Att

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