quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Caio de vidro.


Eu tenho medo, Bárbara. Medo de que essas coisas façam com que ele mude, ou que ele deixe morrer aquele lado doce e esqueça como se coça com o polegar o queixo quando se sente inquieto com alguma coisa. A gente deveria ficar de olho nele, só por precaução. Se ele sumir, temos de dar um jeito de encontrá-lo o mais depressa possível. Se alguém se aproximar, teremos de interrogar. Quando ele aparecer de novo e sorrir de forma explosiva, sugiro que nos preocupemos com seu coração, pois provavelmente ele terá encontrado um “novo amor”. E a gente sabe o que acontece no fim desses amores, não sabemos? Bárbara, prometa que vai me ligar a qualquer hora caso saiba de alguma coisa que eu desconheça. Ontem mesmo estive conversando com ele, e do nada, sem pausas ou vírgulas, ele desembestou a falar de um relacionamento de cinco anos atrás. Lamentou profundamente que tivesse acabado, que nenhuma das pessoas que ele conhecera depois, chegaram aos pés daquele que deveria ter sido o cara certo. E eu compreendi, de certa forma. Mas em seguida, disse para ele parar de pensar nisso. Depois, ele veio com aqueles assuntos tristes, sabe? Pessoas que não fizeram bem para ele, atitudes que ele tomou e se arrependeu amargamente, e tudo mais, assuntos que você e eu já conhecemos muito bem. Depois de uma longa conversa – ou melhor, um monólogo dele – parecia que a sua alegria estava sendo restaurada aos poucos. Mesmo assim, é melhor que fiquemos alertas. Caio sempre foi uma pessoa amável, mas altamente sensível. E é o medo dessa sensibilidade ser abatida que me aflige todo santo dia.  
Com carinho,
Ana.

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