quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Ainda não saí esses dias.

Acordo sete da manhã para ir trabalhar às dez. Nunca chego no horário, nunca acordo no horário. Sempre perco o ônibus que eu deveria pegar para chegar na hora certa. Às vezes com preguiça de sair da cama. Oito horas de sono não são suficientes, nove horas de sono me deixam ruim do estômago, menos que isso é acordar morto. Meu horário de sono é todo desregulado, e tem dias que eu acordo bem pra cacete, e tem dia que eu quero simplesmente fechar os olhos pra sempre. Acho que vai mais do estado de espírito, sabe? Já percebi isso. Como esses dias eu não tenho dormido nem feliz, nem triste, eu acordo normal. Às vezes com fome, às vezes não. Mas então, não tenho saído esses dias. Desde o ano novo. O ano novo foi bom... achei que seria pior, francamente falando. Não posso dizer que vai ficar pra história. Não foi com vinte e um anos que tive o melhor ano novo da minha vida. E eu tenho ficado em casa desde o começo do ano, desse ano que é novo, mas as merdas do passado continuam aqui comigo, enfim... fico aqui escrevendo atrás de cadernos velhos, lendo algum livro, vendo algum filme. Esse mês acho que vai ser assim. Eu não tenho dinheiro, então, não vai rolar cinema, pizzaria, teatro, nada. Vai ser eu, páginas amarelas e meus óculos pra enxergar as letras miúdas no computador. Eu não tenho sentido muita vontade de conversar, não tenho nada pra conversar, entende? O que aconteceu ano passado, ficou no ano passado, e não quero comentar do que aconteceu comigo, pra ver se esqueço, se tudo de ruim morre logo de vez. E tá morrendo, tá dando certo. Não tenho sorrido muito esses dias também. Tô me sentindo como um funcionário público com vinte anos de carreira. Só que bem mais pobre, e sem tantas rugas. Eu tenho visto gente por aí, sim, na academia, nas corridas noturnas, no trabalho. Mas acho que elas não me vêem não... elas sempre estão olhando pra cima, pro lado oposto. Hoje a cobradora de ônibus que é simpática - porque a maioria é uma cambada de malas sem alça - falou comigo e perguntou sobre meu ano novo, e perguntou sobre meu trabalho. Vejo milhares de pessoas, alguns se dizem meus amigos, e é nos locais mais improváveis que alguém se preocupa contigo. Tenho me sentido só, mas é um só que está dando de se acostumar, que tá dando pra levar. Quando parece que algo vai doer, eu dou play em algum filme e finjo que não é comigo. Não sei, acho que tenho acordado com preguiça dos seres humanos.

3 comentários:

  1. gente, vc escreveu esse texto no dia 5, as 21h, ou seja, só se passaram 4 dias desde o ano novo, vc qria ter saído qntas vezes já?

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  2. óia, faço das palavras do foxx, as minhas. enfim... sou um funcionário público com 11 anos de carreira, sinto que já morri um bocado.

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  3. "E eu me preocupo contigo, enquanto leio tuas palavras de solidão. As vezes a gente só precisa de um ombro amigo, o problema não sair ou não sair, o problema é não se sentir sozinho, dentro ou fora de casa, dentro ou fora de si mesmo. Não nascemos para estar sozinhos, seres humanos precisam se comunicar, precisam sentir, precisam... Sempre de alguma coisa. Sinta-se abraçado por mim sempre que precisar, seja lá do que for que vc precise. Abraços são sempre quentes o suficientes para amenizar as dores da solidão."

    Um texto para aquecer seu coração.
    Bjs
    Att.

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