segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ainda assim.

Se você soubesse que eu rasgo cartas sem ler, me desejaria coisas boas no meu aniversário? Se você soubesse que eu tomo pirulito de criança, coloco a minha culpa nas costas de outra pessoa e escondo dinheiro embaixo da cama, ainda assim, você diria que eu mereço só o que for bom? Se você soubesse que eu atravesso a rua para evitar pessoas, não respondo o bom dia do porteiro e passo sem dar atenção para a moça da limpeza, ainda assim, você diria que eu estou propenso a ser feliz? Diria? Se você soubesse que eu não respeito as leis de trânsito, o código de ética e não levo desaforo pra casa, ainda assim, você me deixaria concorrer a presidente da república? Sim, sim, sim e sim. Quase nunca vemos o que está abaixo da casca, só a ponta do iceberg. A profundidade de alguém pouco importa, não vale nada. Ninguém quer saber dos teus desejos de criança, das tuas quedas com nove anos de idade, dos teus primeiros amores fracassados, dos presentes que você deu com tanto amor e que - quase que naturalmente - permanecem até hoje sem um "obrigado". Não deveria ser assim, você diz. Toma café, come uma bolacha, não deveria ser assim, preciso mudar. Troca de roupa, penteia o cabelo, não deveria ser assim, mas, agora eu ando tão sem tempo, tão sem tempo, tão sem tempo, quem sabe uma outra hora... quem sabe.

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