sábado, 15 de setembro de 2012

Telefone ocupado.

Ler e escrever são minhas válvulas de escape, quando o resto do mundo parece está fazendo o de sempre: se preocupando com si mesmo. Telefones ocupados, fora do gancho, desligados, nenhum santo disponível para ouvir a sua reza. Dúvidas borbulhando em água fervente, e não há uma só alma para desligar a panela. Mesmo que sem opinião nenhuma a respeito, só mesmo para que você se ouvisse e pudesse questionar tudo aquilo que sai da própria boca, indo direto aos próprios ouvidos. O cérebro reagiria, buscaria respostas, respostas sensatas, loucas, outras não tão maduras assim. Mas o ciclo nem se inicia. Fica tudo ali, dentro da cabeça, rodando, rodando, sem nenhum lugar para se esvair, como um rio que não sabe onde desaguar. E a história não se repete? Pensando bem, sempre foi assim. E longe de mim estar aqui querendo me fazer de vítima, ou lamentando qualquer coisa que seja. É que - às vezes - é bom ouvir uma outra opinião que não a sua. Desabafar, contar tudo. Desde as histórias bobas até as mais complexas. Mas o ser humano nunca está inteiramente disponível. Há sempre uma outra conversa, uma outra pessoa, um compromisso inadiável, um celular que não pára de tocar, uma campainha barulhenta. Ninguém dispõe mais de tempo para ouvir ninguém. Puxa, quem diria que em um mundo onde a tecnologia te faz falar com os quatro cantos do mundo, um ouvinte faria tanta falta?

3 comentários:

  1. É bem isso que tenho sentido ultimamente...
    Sinto falta de alguém pra estar por perto. E diferente de você, acho que ando me fazendo de vítima e lamentando muito a minha solidão... Sei que isso não é bom, mas é aí que escrevo...
    Escrevo no meu blog até muitas vezes de uma forma ''dramática'' porque assim ponho pra fora em forma de palavras toda a minha bagunça. Pois é bem melhor escrever do que sentir aquela bagunça toda ficar rodando dentro da cabeça e não ter por onde sair...

    Beijo

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  2. Porque essa conexão persistente, de certo modo nos desconecta da vida de verdade, aquela que acontece ao redor dos nossos olhos enquanto estamos aqui escrevendo nossas ausências e anseios, enquanto respiramos e prestamos atenção nas trocentas janelas abertas no computador. Nos doamos em frações pra cada um e o nosso todo nunca chega pra ninguém.

    bjs Att

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