terça-feira, 16 de outubro de 2012

Não nasci para ser filho da puta.

O errado sou eu que adiciono sentimento em tudo. Que amo sem ser correspondido. Que dou presente sem estar namorando. Que aposto tudo que eu tenho sem o menor conhecimento de caso. Eu é que deveria mudar. Deixar de ser caseiro, trocar os filmes franceses por baladas, os relacionamentos sérios por casos de uma noite, os livros por várias carteiras de cigarro. Eu é que devo me adequar, me alinhar, deixar de ser atrasado. O errado sou eu que procuro doação beneficente em casa de prostituta. Que afago os cabelos, para meia hora depois ser traído, que peço sinceridade, enquanto o mundo só gosta de mentira. A língua leve, afiada, como se tivessem nascido para isso. Eu é que devo deixar de ser ingênuo, desacreditar totalmente nas pessoas, nas palavras que saem de suas bocas, nas promessas batidas, nos beijos demorados. Hoje em dia, nada consegue me soar verdadeiro. Acho sempre que há um interesse por trás de um abraço. Um fingimento nas beiradas de um “sinto sua falta”. Eu é que deveria me entregar sem esperar nada. Recusar ligações, mentir sobre o que eu sinto, engatar um relacionamento que eu sei que não vai ter futuro, e mesmo assim dar início, só para depois pedir um tempo e ver o outro lá parado sem saber o que dizer. Eu deveria amar muito nos olhos, e por dentro não sentir porra nenhuma. Dizer que vou estar ali sempre, e uma semana depois, sumir sem deixar rastro. Eu é que deveria ser filho da puta, mas acabei escolhendo o caminho errado.

Um comentário:

  1. Tu tava lendo minha mente, foi menino? Meu Deus. É assim que nos sentimos.

    .

    Sem mais. =/

    bjs att.

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