domingo, 11 de novembro de 2012

Rompimento.

Não consigo escrever nada agora. Está tudo tão recente, tão em carne viva, que simplesmente não sai nenhuma palavra que seja. De raiva, de amor, de saudade, de desespero, de dúvida. A porta recém batida. A chave ainda caída no mesmo lugar. Eu aqui no sofá, e você lá fora. Eu costumava saber por onde você andava, e agora não faço a menor ideia. Não faço a menor ideia de quem te acompanha na rua, se está só, se já jantou ou se está apenas dormindo, com a cabeça enfiada entre os travesseiros. Agora, eu não penso em nada. Não lamento, não derramo uma lágrima, mas soa como se a rotina inteira tivesse sido mudada, se os móveis não fossem mais minha cara. A cor da parede, os lençóis, a pia do banheiro. É como se não fizesse mais sentido. Uma palavra de raiva: droga. Arremesso o vaso contra a parede. Os vidros se espalham pelo chão. Como nós dois em um rompimento brusco, inesperado, da noite pro dia. Fácil, rápido, em poucos minutos. Aos poucos, o que estava embaralhado vai tomando um rumo. Eu sei que quando a saudade apertar, eu vou tentar discar o teu telefone, por isso é melhor que eu o apague antes que eu venha a memorizá-lo. Já vou providenciar a troca da fechadura, no caso de você tentar voltar. Eu avisei, se você saísse por aquela porta, eu não abriria ela novamente. E você foi, como se já viesse ensaiando essa saída há semanas. Não há dúvida de que todo rompimento dói. Não sei exatamente quando vai parar de doer, quando eu vou me acostumar com essa rotina nova. Certamente, irei demorar um pouco para reajustar meu relógio biológico. O primeiro passo é não colocar mais o despertador para tocar às sete, que era quando você precisava levantar para trabalhar dali uma hora. O segundo passo é não me importar mais em checar meu celular de minuto em minuto, para ver se alguma mensagem ou ligação havia passado despercebida. O resto, sinceramente, eu não sei. Não existe protocolo para esquecer alguém. Infelizmente, não há manual. Terceiro, quarto, quinto passo... não importa. O importante é continuar andando.

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