sábado, 4 de junho de 2011

Ensino médio.

Todo ano acontecia um evento na escola, que chamávamos de competição cultural. As turmas interessadas se inscreviam, e essa competição consistia em testar as habilidades dos alunos em dois aspectos. Conhecimentos gerais sobre os assuntos aprendidos na sala de aula e uma apresentação cultural que poderia ser mostrado em forma de dança, teatro, pintura, canto, e derivados. Além disso, era analisado pelos jurados a animação das equipes, organização e educação. Minha turma estava inscrita, e eu me lembro como se fosse hoje, quando me deixaram a frente da apresentação cultural. Na dúvida se dançava ou elaborava uma peça de teatro, resolvi que seriam feito ambos. As falas dos personagens interligadas com a história da música, e tudo se encaixava perfeitamente. Aparentemente, os integrantes haviam adorado a idéia, mas maioria não quis participar. Outras idéias surgiram, mas não achei que fossem melhores que as já apresentadas por mim. Não que eu quisesse ser o cara das melhores idéias, mas... achei que devíamos apresentar algo inovador e menos clichê. E isso acabou se chocando com a concepção da maioria, que preferia algo do cotidiano e totalmente usual. Dois dias depois, sem aviso prévio, mataram minhas idéias, e ainda tiveram a cara de pau de perguntar:

"Podemos usar seu equipamento de som para os nossos ensaios?"

Como assim? Primeiro matam minha música teatral, e depois querem usufruir dos meus objetos como se nada tivesse acontecido? Não, não. O que seria melhor, apresentar uma música de ritmo passado, ou algo que ninguém ainda tinha ouvido e arriscar no tudo ou nada? Ironicamente, estes alunos iriam trabalhar em uma área que requeria um certo dom artístico e capacidade de prever o futuro. E lá estava eu, fazendo o que não devia ser feito: me vingando. Primeiro, perdemos na organização, pois um dos alunos não vestia a cor da sua equipe e acabou deixando o grupo inteiro totalmente fora de sincronia. A idéia de apresentar algo já esperado foi um naufrágio, já que a equipe rival mostrou seu talento em um número que envolvia canto ao vivo, bailarinos e uma peça teatral como background, resultado impecável. No fim das contas, o meu grupo perdeu. A maioria se chateou, e eu não quis falar nada para não piorar as coisas, apenas deixei que refletissem, em suas mentes perturbadas pela derrota, o motivo que levou a competição a não ser acirrada. 

Enfim, com esse bloqueio de opinião, passei o resto do ano sem falar com os demais. Era como se estivesse voltado ao início das aulas, onde eu não conhecia ninguém, não estava afim de fazer amizade, e repelia qualquer um que quisesse saber alguma coisa sobre minha vida. Realmente, cheguei a conclusão de que não existe lado nenhum a não ser o meu mesmo. Vou correr sozinho, decidi. 

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