quinta-feira, 16 de junho de 2011

Literalmente.

Par ou ímpar foi o critério usado para escolhermos o filme que veríamos naquela noite. Com um critério tão absurdo desses, eu já previa que a noite não iria me oferecer mais que pipoca e gastos desnecessários. O filme era de ação, efeitos especiais mal bolados, e um silêncio que só era interrompido quando uma bomba no filme explodia, ou quando alguma moça da mesma fileira que a minha pedia passagem. Às vezes, dava vontade de dizer que eu iria pegar um refrigerante e sair de fininho, mas resolvi ir até o fim para não rolar aquele dedo de arrependimento depois. Ao término do filme, saímos andando sem destino, e chegamos até um barzinho próximo ao rio. Uma boa vista, e um papo bastante egocêntrico. Enquanto ele falava, eu escutava. Quando minha vez de falar era concedida, ele logo interrompia com um "Isso que você disse me fez lembrar de uma história". Ele mudou de lugar duas vezes, foi ao banheiro apenas uma, e disse a palavra "literalmente" umas quinhentas vezes, talvez para que ficasse bastante claro que literalmente não sairia nada daquele encontro. O tempo ia passando, e a minha capacidade de absorver histórias já havia se esgotado. Acho que nunca ouvi tanto alguém falar, desde o término do meu primeiro namoro em 2007. Mais uma vez, dei de comer as esperanças e elas morreram na praia, aliás, sequer chegaram a ver a cor do mar. Mas eu tinha que tentar, ir lá e tirar minhas próprias conclusões. Se não, iria ficar com aquela dúvida na cabeça de "podia ter sido ele... podia ter sido ele...". Pelo menos naquela noite, eu dormi tranquilo e vi que o pior que pode acontecer em um primeiro encontro é isso: você continuar onde estava, ainda que sozinho e com a esperança levemente reduzida.

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