domingo, 26 de junho de 2011

Dormiu enquanto assistia "Paris, eu te amo". Acordou com o óculos um pouco torto no rosto, por pouco não dormiu sobre o mesmo. Se levantou e bateu a canela em um banco que estava próximo, foi abrindo os olhos devagar, e percebeu que não estava em casa. Aquela não era sua cama, aqueles não eram seus discos, a foto na escrivaninha não era sua, olhou para a cama mais uma vez, e viu que havia outro corpo ali. Foi para a sala, sentou, e começou a lembrar do que tinha acontecido, e de como tinha ido parar ali. Dessa vez, a culpa não era da bebida. A noite é traiçoeira. É nela que você se sente mais vulnerável, é nela que seus sentimentos ruins ficam mais aguçados. Se você está triste, quando a madrugada chega, você se sente triste duas vezes mais. E é assim com todos os outros sentimentos, com todos os outros desejos carnais. Pela manhã, essa idéia vira do avesso. Vira arrependimento. Você quer voltar a fita, não dá. Desfazer. E agora? Como explicar? Como fazer o outro entender, que tudo que você disse pela madrugada era fruto da própria noite, e não da boca de quem dizia? Vai parecer confuso, mais uma vez. E mais uma vez ele sai nas pontas dos dedos. Sai recolhendo todas as peças de roupa. Sorrateiramente. Mas antes, resolveu deixar um bilhete:
"Eu sei, fui eu que insisti para nós pararmos aqui. Mas a culpa não é minha, nem sua. E se ambos não são culpados, o melhor que podemos fazer é tocar nossas vidas, como se "isso" só fosse "isso" e nada mais que "isso". Eu sei, da outra vez foi a mesma coisa. Talvez você esteja finalmente me conhecendo. Quem sabe? Tchau, um beijo." E é isso. Nada mudou. Continua sendo o mesmo pela manhã. Independente afetivamente, pedra no lugar do coração.

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