terça-feira, 14 de agosto de 2012

Todas as cores.

 Toda mentira é uma sombra. Toda verdade é uma santa. Todo desejo se esconde, na pele, embaixo dos escombros. Toda saudade machuca. Toda dor, um dia, evapora. Toda esperança é uma pistola, às vezes, sem nenhuma bala. De antemão, te aviso: sou o todo. De nada adianta o teu corpo, se o pensamento é em outro. De nada adianta o teu choro, se não é minha camiseta que encharca. De nada adianta as tuas palavras, se no meio do caminho elas são atropeladas. De antemão, te aviso: eu não me dou por vencido. Se eu fraquejo, caio de joelhos, é estratégia de jogo. Se eu não abro a porta quando você chega, é pra nos poupar de uma batalha. Se eu não te encontro às cinco, é porque já estou exausto: de ser esquecido. Deixa o rio secar, os peixes morrerem, a natureza esbravejar. Piso nas folhas secas, nos nossos últimos beijos. Piso no que restou de tudo que vivemos, nos últimos - e poucos - momentos. Piso nas fotos e esfrego com a sola do sapato. Fico de cócoras, cato os pedaços: não, não ficariam bem remendadas em um retrato.

2 comentários:

  1. Muito bom cara! Gostoso de ler, Parabéns!

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  2. É como amar sem ser amado, é como ser amado e não amar, é como não poder juntar todas as coisas simplesmente pq elas não se combinam depois de quebradas.

    Bjs
    Liiindo demais o texto, musical até..
    Att

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