terça-feira, 19 de junho de 2012

Memórias são navalhas.

Criar memórias é regra, não há como fugir das benditas. Às vezes, antes mesmo que você as viva, lá estão elas, chegando sorrateiramente., preparadas para dar o bote a qualquer instante. Das memórias boas a gente lembra com carinho, mesmo quando o que a gente achava que aquilo iria funcionar, mas não funcionou. O problema é quando termina tudo de forma revirada, às avessas, aquela música começa a tocar em todas as rádios, e a nossa vontade é arremessar o som do carro pela janela. O shampoo de menta que faz arder os olhos e nos lembra da primeira vez que tomamos banhos juntos. Quando eu começo a fazer brigadeiro, é inevitável, só consigo ouvir você dizendo: mas você é viciado em chocolate, né? E aí eu desisto, vou preparar um pavê, um mousse. Não dá pra se livrar dessas memórias, elas vão ficar guardadas para o resto da vida. Com o passar dos meses, elas vão ficando cada vez mais fracas, vão dilacerando cada vez menos. Com o surgimento de novos personagens e novas memórias, as navalhas cegas vão sendo jogadas fora, descartadas. Novas histórias se criam, umas por cima das outras. Memória pode ser um bicho papão ou uma válvula de escape para os problemas cotidianos. Uma fresta de luz ou total escuridão. Por fim, memórias podem ser doces, podem ser azedas, mas nunca, nunca insossas.

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