segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O outono que eu desconhecia.

Não era Outono. Não sei se era verão, inverno, o tempo estava fora de controle. Um dia o calor me fazia andar de bermudas o dia inteiro, e na manhã seguinte procurar o gorro entre as várias roupas nunca usadas no guarda-roupa. Lembro que a luz do sol me entristecia, tanto quanto a escuridão que vinha com a lua. Eu passava despercebido, cabeça baixa, escolhendo frutas maduras no supermercado. E jantava sozinho, uma taça de vinho, macarronada feita às pressas, o cabelo de qualquer jeito. Havia uma barba ainda para ser feita, remédios a serem comprados. Despertador tocando, mais um dia de trabalho. Despertador tocando, hora de tomar o remédio para um resfriado, que não acabava nunca. O chão da sala permanecia sujo, só de pensar em ir até o telefone discar o número da secretária me dava peguiça. A cama desarrumada, lençóis jogados no chão, uma verdadeira bagunça. No quarto e dentro de mim. Não raciocinava, escolhia qualquer coisa. Sofá vermelho, um lustre caríssimo que não combinava com a cor das paredes, os móveis de madeira e a cama de casal vazia, que mal cabia no meu quarto. Então, as folhas caíram. Não sei bem quando de fato elas vieram ao chão, não sei se foi quando me aproximei de você pela primeira vez, ou naquela vez quando você disse que sentia muito a minha falta. Mas elas caíram. E desde esse dia, desde nosso encontro incomum, eu soube que nada seria da mesma forma que era antes do outono chegar... e nunca mais foi.

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