terça-feira, 22 de novembro de 2011

Se eu soubesse que viria...

Se eu soubesse que viria, teria mudado o arranjo de flores. Novas flores estariam enfeitando a sala. Eu tiraria os copos sujos com resto de nescau no fundo, a poeira dos móveis do quarto. Se eu soubesse, arrumaria a cama, ainda desarrumada de dias atrás. Ainda há roupa suja espalhada pelos cantos do quarto, objetos por todo lugar, fora de alinhamento. Eu: uma bagunça só. Cabelo desgrenhado, roupa amassada, um hálito nada agradável de quem acabou de acordar. Se eu soubesse, mas você não avisa. Abriu o portão, duas voltas com a chave na porta da sala, quinze passos até meu quarto e me pega assim: de qualquer jeito. Me pega assim de qualquer pelos quatro cantos do quarto, por cima dos objetos desalinhados, das roupas sujas, quebrando os copos sujos de nescau. Depois, começa a espirrar. Alergia, poeira. Meus olhos lacrimejam de ver você espirrando. Eu choro. Não, é cisco no meu olho, digo. Cinco minutos depois ainda há lágrima escorrendo a face. Não há mais cisco nenhum. É dor que não aguentava mais ficar enclausurada no peito. Se eu soubesse, teria me preparado psicologicamente, emocionalmente. Mas você nunca avisa, sempre chega sem bater na porta, trazendo sentimentos de volta, aquele tipo de sentimento que eu tento desde pequeno deixar do lado de fora.

Um comentário:

  1. minha casa eh sempre tão bagunçada tb... já tive q fzr vários up antes de chegar alguém...

    abraço!

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