terça-feira, 27 de dezembro de 2011

introspecção.


É só você que gosta de sair na rua de madrugada, com fones de ouvido, escutando os solos no piano by Dustin O'Halloran. É só você que mete os pés pelas mãos, coloca a carroça na corcunda do boi, esquece de tirar o veneno da cobra depois da picada. Acorda com o pé esquerdo, bate o dedo mindinho na quina da porta, e ainda assim, consegue soltar uma gargalhada, e um 'filha da puta!' logo em seguida. Agora vai até eles e diz que você ama chuva, tempo cinzento e odeia quando o sol surge lá no alto, pra você ver. Só você vai entender esse coração que não amadurece, que não cria barba, nunca, sempre aquele garoto do ensino fundamental, que escrevia cartas, desenhava vários corações e gastava um vidro de perfume inteiro molhando o papel. De, para, com amor. Que entregava para a pessoa amada, e dizia logo em seguida: não precisa me amar de volta, ou responder alguma coisa, isso é só pra... você saber. Quantas vezes você não disse isso? Quantas vezes? Tudo mentira. Você queria que voltassem, e te surpreendessem. Embora isso nunca tenha acontecido. Mas vai acontecer, não vai? Eu sei que você ainda acredita nisso, mesmo sem forças, mesmo não querendo. Às vezes eu digo não vai, mas você prefere ouvir esse coração bobo. E olha quantas cicatrizes você arrumou esse ano. Não, dores não, aprendizados, como eles costumam chamar. O que não faz com que eles fiquem menos feios. Dar apelidos não estanca a ferida, infelizmente. Eu sei, você está cansado de aprender, e eu também estaria se estivesse no seu lugar, mas como não estou... só me resta rezar. Fica tranquilo, talvez você não ache alguém que goste exatamente das mesmas coisas que você mas, com certeza, essa pessoa vai querer ouvir os motivos de você gostar dessas particularidades.

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