quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quem é você?


Quem é você para entrar sem ser convidado, esperado, aguardado? Não bate palma, não pergunta se tem alguém na casa, apenas vai entrando, sem nem me conhecer, sem saber quem eu sou. De onde você veio, quais são suas raízes, onde você trabalha, o que faz para ganhar a vida? Vem cá, eu não tenho todo o tempo do mundo, para ser mais exato, tenho apenas trinta minutos antes de voltar para aquela sala fria, atender telefonemas, vender produtos, ganhar rugas novas na testa. Então anda, me diz, me fala qualquer coisa que eu precise saber de você, porque não lembro de ter te dado meu número, ou dito onde eu morava. Paguei caro pela segurança, novos cadeados, fechaduras, senhas, e olha aí, agora está tudo revirado. Demorei tanto tempo para colocar tudo no lugar, e agora não me reconheço mais. Levanto de manhã, na frente do espelho: outra pessoa. Cadê aquele cara impaciente que morava aqui? Desde quando eu faço comida fresca? Onde estão os congelados, enlatados? Quem colocou esse vaso com plantas perto da cabeceira da minha cama? Quem limpou o quarto e trocou as persianas? Quem botou esse sorriso de orelha a orelha no meu rosto? Até a tinta do meu quarto parece estar mais viva. Quem é você, quem é você?

Um comentário:

  1. Me apaixonei por você a primeira vista. Na segunda linha,já estava de quatro, no terceiro poema, me entrego sem reservas... TE quero.
    Como pude sobreviver até hoje sem esbarrar-te.
    Sinto muito por você, agora que te tive não te largo. Sou câncer... e escolho não viver sem ti.

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