domingo, 25 de dezembro de 2011

Outsider






Hoje eu descobri que existe um nome para aquelas pessoas que não se encaixam em turma nenhuma. Me lembro do meu colegial, da solidão que era ficar no quarto escrevendo cartas de amor no fim do caderno, de como era ruim não combinar com ninguém, porque nunca ninguém gostou das mesmas coisas que eu. Porque eu busco coisas que não tem mais valor para as pessoas, sabe? As pessoas exigem demais, não se contentam com o simples da vida, porque o simples da vida é mirabolante demais hoje em dia. Mas aí eu estava sozinho aqui, e encontrava alguém parecido comigo, mas ele não estava pelas redondezas, era sempre alguém de longe, de outra cidade, de outro país. E isso dava uma certa felicidade no começo, mas depois já não fazia mais sentido. É que essas coisas a kilômetros de distância não dão certo comigo. Não sei manter amizades nem a curta distância, quem dirá via internet? Isso não existe pra mim. Já tentei, mas... não dá certo, não funciona. Eu sempre canso de manter contato. Assim como na minha cidade, as pessoas sempre cansam de manter contato comigo, porque de certa forma eu não dou assistência, e quando dou, é para as pessoas erradas, pessoas que não estão nem aí. Não sei se passar o natal sozinho fez com que eu chegasse a essa conclusão, de que eu não pertenço a lugar nenhum. Não fiquei amargo, eu ainda acredito nas mesmas coisas. Vou morrer acreditando. Só acho que chegou a hora de não criar mais expectativas, porque eu sempre me decepciono. E é engraçado, porque eu sempre espero o mínimo, e juro, juro pra vocês, esse mínimo é 1% de 100, é quase nada, e mesmo assim, eu termino frustrado. Sou praticamente o meio do filme Home Alone, só que sem a parte final, só que sem esperar que alguém apareça, abra a porta e diga: eu voltei.

2 comentários:

  1. é porque a espera não deve ser apenas para que volte. de repente isso pode ser uma barreira para alguém que pode aparecer, abrir a porta e dizer: eu cheguei. :)

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  2. lembrei da maria adelaide amaral quando ela diz em "luísa (quase uma história de amor)": "vou embora para uma ilha, minha amiga. (...) é o lugar que convém a quem não tem lugar em lugar nenhum. pessoas como eu incomodam todo mundo". eu também tive um colegial BEM solitário, lembro que uma vez eu fiquei 1 semana sem falar com ninguém, nem na escola, nem em casa. foi um pico de depressão. maus tempos que prefiro nem lembrar. é fogo encontrar pessoas, mas sempre de longe. apesar de que também é deveras frustrante achar pessoas de perto e elas não darem muita bola pra você. acho que a gente tem que ser mais humilde também e aceitar o que a vida dá pra gente. joão, o simples é o mais difícil. o simples é de uma complexidade indizível.

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